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Casa de Criadores: a moda como reflexão e denúncia política

11/08/2023

Além de uma semana de "ode" à moda brasileira, o encontro serviu como plataforma de reflexão e denúncia política.

Além de uma semana de “ode” à moda brasileira, o encontro serviu como plataforma de reflexão e denúncia política.

Por Daniel Gonçalves

A 52º edição da Casa de Criadores aconteceu entre os dias 12 e 16 de julho e reuniu mais de 40 designers. Todes trouxeram coleções que representavam suas realidades e histórias, a partir de diversas técnicas de costura e produção. Além de uma semana de “ode” à moda brasileira, o encontro serviu como plataforma de reflexão e denúncia política. 

ArtSouje, trouxe o streetwear de forma única, ao mesclá-lo com a ancestralidade, uma homenagem aos orixás e ao afrofuturismo; Nalimo, fez um desfile retratando as vozes que movimentam gerações, denunciando a PL 490; Vou Assim, falou sobre a falta de oportunidade para transvestigêneres, com peças assinadas por 20 alunes; Estúdio Traça celebrou os corpos, com um casting super diverso; ALEXEI trabalhou com primor o upcycling, enquanto falava sobre o amor e desejo; SUKEBAN.KO, trouxe à tona a figura da dominatrix no controle de sua korpa; Studio Ellias Kaleb teve uma das passagens mais performáticas dessa edição, trabalhando com a transformação e a natureza.

Veja mais sobre cada proposta e os desfiles na íntegra: 

ArtSouje

Abrindo a edição com tudo, Soujê apresentou 4 coleções diferentes durante o desfile. A marca abriu retratando as raízes e ancestralidade com “Meu Axé”, seguido pela estética regional com “Cria”, que deu lugar à sensualidade e à paixão com “4:20” e com fechamento no afrofuturismo, com “Ancestrais”. O desfile ficou marcado por peças que trabalham silhuetas variadas, que se adequam perfeitamente em cada corpo, apresentando tecidos recicláveis e cores vibrantes.

Nalimo

A Nalimo, marca já conhecida pelo seu ativismo indígena no Brasil e  na América Latina, fez um desfile voltado para a busca das vozes ancestrais. São elas que nos mantêm em pé e nos despertam para que sejamos a voz do futuro. A coleção Vozes e rezos é o elo entre o passado e futuro, unindo a contemporaneidade à sabedoria dos ancestrais. A marca aproveitou essa oportunidade para denunciar o Marco Temporal (PL 490), que coloca em risco reservas indígenas e povos originários, que ocupavam essas terras desde antes de 1500. As peças apresentadas possuem um toque streetwear minimalista, sendo o  destaque um macacão com frases: “não ao marco temporal”, “demarcação já”, “decolonize your mind”.

Vou Assim

Uma coleção que causa impacto além das passarelas, TRAVESTI QUER TRABALHO! Foi apresentada pela Vou Assim, uma plataforma que realiza ações propositivas de empregabilidade, representatividade e demandas socioculturais LGBTQI+. O nome da coleção representa um dos projetos de capacitação profissional e artística de pessoas Transvestigêneres, maiores de 18 anos e residentes da periferia de São Paulo. Foram técnicas de upcycling, seguindo a pedagogia do lixo como base para a construção das peças, ressignificando os descartes gerados pela indústria da moda.

Estúdio Traça

Com um casting muito plural, a Estúdio Traça trouxe a coleção Dunas. O foco era celebrar as pessoas, indo contra a tendência da moda de frieza e valorização de um padrão único. As mulheres que desfilaram trouxeram uma energia que dialogava com a marca, vestindo roupas que a valorizavam por completo. Segundo o designer Gui Amorim, “É o Verão do Renascimento. Da pessoa que ressignifica seus cantos e dobras”.

ALEXEI

Com a coleção Líbido, ALEXEI trabalhou com referências históricas, como a mitologia e Eros, ao “caipira”, retratando suas origens e brincando com o imaginário popular brasileiro. Indo além do desejo sexual, a marca falou sobre a vontade de criar, o desejo pela vida e o amor. Com peças de coleções passadas e itens pessoais, as técnicas de upcycling foram destaque na passarela.

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SUKEBAN.KO

Com um desfile performático e futurista, Sim Sukeban, travesti multiartista transdisciplinar Nipô-Latina, trouxe a estética fetichista dominatrix para a passarela da Casa de Criadores. A transmutação da performance buscou extrair emoções e sentimentos controversos, indo além do mero aspecto fantasioso e visual, mas se tornando um modo de sobrevivência. Nesse contexto, uma figura transfeminina desafiou o controle imposto por uma sociedade que tenta subjugar sua identidade.

Studio Ellias Kaleb

Com uma passagem muito performática, o Studio Ellias Kaleb apresentou a coleção “Antídoto”. Acompanhado de movimentos teatrais, as peças flutuantes e com cores vibrantes retrataram a transformação de “venenos em curas de belezas intocáveis”. 

Foto de capa: @MARCELOSOUBHIA | @AGFOTOSITE

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Revista digital de cultura, direitos humanos e economia criativa interseccional e estúdio criativo de Diversidade, Equidade, Inclusão e Impacto Social.

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