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A música de quarto do My Magical Glowing Lens

14/01/2020

Projeto da capixaba Gabriela Deptulski desembarca em São Paulo com shows e oficina de produção musical caseira para mulheres

Projeto da capixaba Gabriela Deptulski desembarca em São Paulo com shows e oficina de produção musical caseira para mulheres

Entrar na segunda década do século XXI tem também suas vantagens. Hoje, quem sonha em gravar uma música ou até mesmo um álbum inteiro pode fazê-lo de casa, utilizando softwares de computador bem acessíveis.

Quem afirma é capixaba Gabriela Deptulski, multi-instrumentista, produtora musical e linha de frente do My Magical Glowing Lens (MMGL). E ela prova na prática. Em 2013, Gabriela lançou o primeiro EP do projeto. O disco homônimo nasceu em seu antigo quarto na cidade de Colatina, no interior do Espírito Santo.

A inovação surgiu frente a dificuldade de ter um grupo fixo de instrumentistas. Gabriela descobriu que utilizando um computador ela poderia desfrutar de uma banda inteira e de recursos de edição e mixagem similares aos de grandes estúdios. Para criar música, bastava um computador na mão e uma ideia na cabeça. Ela afirma:

“A gente acha que fazer uma música é caro, porque precisa de instrumentos, banda e estúdio. Mas, hoje, basta ter um computador e deixar a sua criatividade fluir para produzir música de qualidade”

O som criado pelo MMGL vai na onda do que a crítica e os ouvintes tem chamado de “nova psicodelia brasileira”. Essa cena é composta por uma geração de bandas que envolvem nomes como Boogarins, Tori, La Leuca e Catavento.

Por sua vez, o trabalho de Gabriela também passeia outros diversos estilos, desde o pop de Rihanna a MPB de Céu e Gilberto Gil, e do rock de Rita Lee e dos Mutantes ao funk do início dos anos 90.

Aos 31 anos, Gabriela, que também é mestre em Filosofia, é autodidata em guitarra e violão e ainda tira uma onda na gaita, contrabaixo, bateria e sintetizador.

“Pratico música de modo livre. Às vezes, começo compondo só violão e voz. Em outras, inicio com guitarra e beats”, diz ela “Eu gosto de lidar com experimentos.”

Na música do MMGL é possível ouvir a influência do áudio 8D, formato criado pelo engenheiro argentino Hugo Zuccarelli na década de 80 e muito usado por grupos de rock psicodélico, como Pink Floyd no disco “The final Cut” (1983). Nesse tipo de áudio, efeitos de voz, instrumentos e sintetizadores são manipulados para darem a sensação de surgirem de diversos cantos, reproduzindo um som multidimensional.

A DANÇA DO QUARTO

Nos últimos anos, Gabriela expandiu seu trabalho criativo para além das quatro paredes.

Em 2017, o MMGL lançou seu primeiro álbum, batizado de Cosmos. A obra foi considerada um dos 50 melhores álbuns nacionais do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Ela também participou de diversas produções de outros artistas. A guitarra da música “Sistema Feminino”, das rappers Melanina MCs, foi feita por Gabriela. A produção do disco de estreia do duo Transe, formado pelo casal Fernando Zorzal e Francesca Pera, tem assinatura de Gabriela. A trilha sonora do espetáculo de dança “Pedra”, da bailarina Ivna Messina e da diretora Carla van den Bergen, também foi feita pela capixaba.

Apesar de já ter trabalho com dezenas de musicistas e de adentrar em estúdios de gravação, ela diz que a característica caseira de seu trabalho não desapareceu.

“Em parte, o My Magical Glowing Lens ainda continua sendo um projeto de quarto, porque é do meu quarto que todo o processo criativo começa. A diferença é que, agora, apresento as ideias iniciais a outros artistas que me ajudam a tirá-las do papel”

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MULHERES SOB OS HOLOFOTES

Atualmente morando em Recife, Gabriela estará em São Paulo entre os dias 19 e 21 de janeiro. Por aqui, ela fará uma oficina de produção musical caseira para mulheres. O evento é uma coprodução entre Gabriela; a musicista Malka Julieta, fundadora da Trava Bizness e já retratada na Emerge; e a Emerge Mag. Saiba mais sobre a oficina, que acontecerá dia 20 (segunda-feira) no Largo do Arouche, centro de São Paulo, neste link.

Gabriela também terá dois shows em terras paulistas. No dia 19 de janeiro, ela sobe aos palcos junto com a cantora francesa Laure Briard. A apresentação será na casa de show Breve, na zona oeste de São Paulo.

GABRIELA DEPTULSKY: OFICINAS DE PRODUÇÃO MUSICAL PARA MULHERES PARA AUMENTAR A PARTICIPAÇÃO DELAS NA INDÚSTRIA DA MÚSICA

No dia 21, a MMGL faz um live set no Presidenta Bar. Haverá a participação de Malka, Theo Charbel (Papisa e Ema Stoned) e Guilherme D’Almeida (O Terno e Grand Bazaar).

O formato de oficina que Gabriela fará em parceria com a Emerge começou em 2016. Ela teve a ideia de levar conhecimentos técnicos às mulheres junto com as produtoras Hannah Carvalho e Leticia Tomas, da PWR Records, e da baterista Larissa Conforto.

De lá para cá, já rolou oficinas em diversas cidades, como o Girls Rock Camp, acampamento de férias com vivências musicais exclusivo para meninas de 7 a 17 anos em Sorocaba; no Sesc Interlgados, em São Paulo, e no Festival DoSol, em Natal.

Ver mulheres à frente de projetos musicais é algo raro – e em cargos técnicos dentro da indústria é ainda mais. De acordo com um estudo da Iniciativa de Inclusão da Escola de Comunicação e Jornalismo da Universidade do Sul da Califórnia, apenas 2% dos produtores e 3% dos engenheiros e mixers que trabalham na música popular são mulheres.

No ano passado, a The Recording Academy, associação dona do Grammy, maior prêmio da indústria fonográfica americana, lançou uma campanha para que artistas contratem pelo menos duas mulheres em cada projeto musical que venha a desenvolver.

A iniciativa surgiu após críticas devido a indústria musical ser dominada por homens brancos e cisgêneros. Agora, a esperança e que outras iniciativas parecidas aconteçam para aumentar a representatividade delas no cenário musical.

“Sinto que ainda falta um longo caminho para as mulheres trilharem na música, especialmente em funções técnicas. Para equilibrar essa balança, é preciso nos unir e criar uma rede de apoio, de parceria e trabalho. Juntas, poderemos avançar mais rápido”

SERVIÇO
Oficina de Produção Musical Caseira para Mulheres
Data: 20 de janeiro (segunda-feira).
Horário: das 18h às 22h.
Local: Esponja. Avenida Vieira de Carvalho, 192, apartamento 111, República – São Paulo/SP.
Ingresso: a partir de R$ 30 (compre aqui).
Seis vagas serão reservadas, gratuitamente, para pessoas trans. Caso tenha interesse nas vagas, entre em contato pelo Whatsapp (11) 9 6903-9713.

Show Laure Briard e My Magical Glowing Lens
Data: 19 de janeiro (domingo).
Horário: 19h.
Local: Breve. Rua Clélia, 470, Barra Funda – São Paulo/SP.
Ingresso: R$ 20

Live Set My Magical Glowing Lens no Presidenta Bar
Data: 21 de janeiro (terça-feira).
Horário: 20h.
Local: Presidenta Bar. Rua Augusta, 335, Consolação – São Paulo/ SP.
Ingresso: R$ 10,00.

Antimofo Sunset: Boogarins e MMGL
Data: 26 de janeiro (terça-feira).
Horário: das 15h às 21h
Local: Fluente. Avenida Saturnino Rangel Mauro, 505, Jd da Penha – Vitória/ES.
Ingressos a partir de : R$ 20,00.

IMAGEM: Aline Deptulsky e divulgação

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