Companhia de Butô realizará oficinas, espetáculos e encontros sobre danças afro-ameríndias. Nesta segunda-feira (25/04), haverá bate papo online com coreógrafo Djalma Moura.
Fundado em 2014 na cidade de São Paulo, o Núcleo Experimental de Butô é um laboratório político-performático de pesquisa, criação e formação em Butô, dança fundada pelo artista Tatsumi Hijikata ao fim dos anos 1950, firmando seu trabalho como um dos mais importantes movimentos da contracultura japonesa. Esta Dança das Trevas (tradução de Ankoku Butô, primeiro nome do projeto de Hijikata) é uma prática intensiva moldada a partir da revolta do corpo sufocado pelos pilares que sustentam o ser humano civilizado.
Com atuação nos subúrbios da cidade de São Paulo, em meio a desigualdade social crescente e fomento das artes periféricas e corpos dissidentes, o Núcleo Experimental de Butô utiliza mídias digitais e físicas – principalmente as ruas da metrópole – para expandir a ideia de corpo e movimento num jogo de revolução por meio da dança.
Nesta segunda-feira (25/04), a companhia realizará um bate-papo online com Djalma Moura, coreógrafo, bailarino e fundador do Núcleo Ajeum, grupo de dança contemporânea e narrativas afro-brasileiras, com sede na periferia da zona sul de São Paulo. Djalma Moura também é terapeuta corporal holístico, arte-educador, graduado em história e pós-graduando em arte e educação, com pesquisa sobre dança, teatro e música. O coreógrafo adianta o tema do encontro:
“A conversa abordará saberes e viveres afro-diaspóricos na construção de gestualidade, dinâmicas e qualidades em dança-performance. Será um ritual de deslocamento para um tempo sagrado e recuperável, a qualquer momento e para sempre”
A conversa com Djalma Moura será a primeira de uma série de encontros com profissionais de dança e performance, como também de representantes culturais e religiosos das ciências encantadas das macumbas, e integra o Projeto Encanteria, criação do Núcleo Experimental de Butô contemplado pelo 1º Edital de Retomada Cultural da Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo.
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SERES QUE NÃO MORREM, E SIM SE ENCANTAM
O projeto Encanteria realizará encontros online, oficinas de formação, ensaios abertos e série de 30 espetáculos de dança, que ocorrerão em diferentes pontos da cidade de São Paulo entre abril e outubro deste ano. Encantaria é uma manifestação religiosa afro-ameríndia cuja principal premissa é a crença em seres que não morrem, mas se encantam. São seres como os barões da noite, rainhas da rua, ciganas, boiadeiros, cobras-corais, mães d’água, pretos-velhos, meninos levados, anhangás, xamãs e eguns da diáspora. Os integrantes do Núcleo comentam:
“Seres ora homem, ora mulher; ora flor, ora jacaré; ora vento, ora o que bem quiser. Todas as gentes – não só humanas – vivas e resistentes aos projetos de aniquilação cada vez mais atuais na sociedade brasileira”
Em fase final de construção do projeto, o Núcleo Experimental de Butô está com um chamado aberto para pessoas negras, indígenas e das regiões norte e nordeste do Brasil para ministrar aulas teóricas e/ou práticas para o elenco da companhia e público interessado. A troca de saberes tem como objetivo novos sentidos éticos, políticos e poéticos não só no cenário da dança e das artes, mas da vida. Interessados em propor aulas podem realizar inscrições via formulário online – os selecionados receberão ajuda de custo de R$ 500.
SERVIÇO
Bate-papo com Djalma Moura (@djalma_pele_moura), diretor do @nucleoajeum.
Dia 25 de abril (segunda-feira), às 20h, via Google Meet.
Inscrições em www.nucleoexperimentaldebuto.com.
Gratuito.
