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Corpos como tela com Bianca Foratori

05/01/2022

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A artista visual Bianca Foratori se vale de memórias, identidade e questões socioculturais para revelar a potência das mulheres afro-indígenas

A artista visual Bianca Foratori se vale de memórias, identidade e questões socioculturais para revelar a potência das mulheres afro-indígenas.

Se pudesse ser definida em uma palavra, Bianca Foratori se chamaria Resistência.  Tatuadora e artista visual nascida em Jundiaí, no interior de São Paulo, ela é um retrato do empreendedorismo negro, feminino e jovem paulista. Graduada em designer e negócios de moda, Bianca não conseguiu emprego na área. Foi aí que ela uniu a necessidade de gerar renda com uma das suas paixões: desenhar. “Adoro pintar desde criança”, diz ela. “Na faculdade, também me saia bem ao fazer croquis, que são esboços de moda feitos à lápis.” 

Com vontade, talento e conhecimento técnico, trabalhar com arte seria o caminho natural a se trilhar, né? Hummm, quase. Bianca comenta:

“Eu sempre fui artista, mas, até então, não me nomeava como artista. Não ficava à vontade e não acreditava que haveria espaço para mim no mundo das artes. Inclusive, eu nem conhecia o mercado e a demanda de artes visuais.” 

Para azar daquelus que não acreditam na potência de uma mulher que tem propósito e planejamento pessoal, hoje Bianca tem seu espaço no mercado de tatuagem e artes visuais e vive do seu fazer criativo. Sua pesquisa investiga as intersecções entre memórias pessoais, relações familiares, identidade e processos históricos e socioculturais. Na tatuagem, há traços fortes e ênfase na tinta preta. Nas telas, as cores quentes e vibrantes gritam bem diante de nossos olhos, com predominância de rostos e corpos de mulheres afro-brasileiras e indígenas com expressões de poder (é sobre isso!). Olhar as telas de Bianca Foratori é enxergar o Brasil.

Eai, ficou interessado em fazer uma tatuagem com Bianca? Temos uma notícia boa. A artista integra o clube de desconto da Emerge. Para ter acesso ao clube, basta apoiar o financiamento coletivo Fortaleça a Emerge no Catarse, no valor de R$ 120. Além de ganhar 15% de desconto em tatuagens com Bianca, você também terá descontos em cursos online no centro cultural Brava SP; no estúdio de artes visuais, tatuagem e piercing Nuvem Ateliê; no streaming de pós-pornô Ediy Porn e na livraria Bebel Books.

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A SUBIDA DA COLINA

Dona do seu próprio estúdio, o Quitanda Ateliê, no bairro Água Branca, na capital paulista, a agenda de Bianca anda lotada. E qual conselho você dá para jovens que querem viver de arte, Bianca?

“Quando se é uma mulher negra, temos que nos esforçar o dobro para conseguir sucesso profissional. Então, o primeiro passo é estudar (e muito). Porém, a busca por informação e treino não significa, necessariamente, fazer uma faculdade.”

TATUAGENS COM TRAÇOS FORTES E ÊNFASE NA TINTA PRETA (Foto: Nu Abe/Emerge Mag)

Bianca recorda o começo da carreira de tatuadora. Naquela época, seus desenhos eram, basicamente, sobre animais, plantas, frases e todas aquelas coisas que as pessoas gostam de tatuar. E esse foi o seu momento de experimentação e ganho de confiança.

“Só que chegou um momento em que senti que a tatuagem, sozinha, não era mais suficiente para o que eu queria expressar”, diz ela. “Precisava de um suporte onde pudesse experimentar mais livremente, daí fui para a pintura.”

E daí foi sucesso. Além de tatuagens e telas, ela também faz murais, como os que ilustram a fachada do Sesc Pinheiros e do Museu da Imigração, ambos em São Paulo. Ela também mantém a produção de croquis de moda (veja mais sobras da artista aqui).

PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Toda pessoa que deseja sobreviver no mercado de arte tem que ter um bom planejamento financeiro. E isso não é negociável, pelo menos para quem não é herdeiro. Bianca diz que é preciso ter em mente que o segmento de economia criativa é instável, com muita oscilação. Ela tem o hábito de criar listas para tudo, com tarefas e metas para curto, médio e longo prazo. 

Por último – e não menos importante –, Bianca acredita que mostrar o seu trabalho para o mundo é extremamente importante para quem quer empreender e criar autonomia financeira no mundo das artes. “Às vezes a gente se boicota, acha que o nosso trabalho não é bom o suficiente”, diz ela. “Mas se jogue e não esconda seu trabalho!”

MURAL FEITO PELA ARTISTA NA FACHADA DO SESCO PINHEIROS, EM SÃO PAULO (Foto: arquivo da artista)

FOTOGRAFIAS: Nu Abe

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