Neste sábado (19/07), a Fábrica de Cultura do Capão Redondo será ocupada por mais uma edição do Esquenta CultCom. A iniciativa gratuita é uma prévia do Festival CultCom, que acontece em outubro, e reúne expressões artísticas, debates e experiências que têm como ponto de partida a cultura das quebradas da zona sul paulistana.
Idealizado pela Pauta Periférica, o CultCom é mais do que um festival: é uma plataforma de encontros entre artistas independentes, produtores culturais, jornalistas e comunicadores populares.
O evento é um reflexo direto do território onde a resistência cultural não apenas se manifesta, mas organiza ações concretas de fortalecimento coletivo.
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A partir das 15h, a jornalista e criadora do projeto, Gisele Alexandre, abre a programação ao lado do DJ Du Black, referência nas discotecagens periféricas com sets recheados de soul, rap nacional e groove.
Às 16h, o painel Audiovisual de Quebrada convida o público a pensar sobre os desafios e potências da produção cultural independente. Participam da conversa os cineastas Daniel Fagundes e Alexandre Prados e as fotógrafas Beatriz do Espírito Santo e Vic Almeida. Em comum, está o fato de os profissionais atuarem no registro afetivo e político de seus próprios territórios.
De acordo com Gisele, o CultCom existe para conectar esses talentos e criar espaço de troca real, feito por quem está no território.
“A cultura da periferia já acontece todos os dias. O que falta é visibilidade, apoio e estrutura.”
Gisele Alexandre, fundadora do CultCom.
CULTURA FEITA POR E PARA A QUEBRADA
Durante toda a tarde, também haverá uma Feira de Economia Criativa, com empreendedores periféricos e produtos autorais, e a exposição Manda Notícias: do Muro pro Quadro, que transforma o grafite em linguagem jornalística e artística. A intervenção ao vivo fica por conta do artista visual Kaio Vício Tinta, que conecta arte urbana, memória coletiva e resistência.
Já na parte da noite, a música toma conta. Às 18h, Damaz & Base Orgânica homenageiam Tim Maia. O encerramento, às 19h30, fica por conta da cantora Izzy Gordon, que se apresenta com os MCs Cocão Avoz e Fino Du Rap, em um show que celebra a música negra como linguagem de afirmação periférica.
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CRIATIVIDADE QUE MOVIMENTA A ECONOMIA
O evento acontece num contexto de fortalecimento da economia criativa no Brasil. Segundo o mais recente relatório da Firjan, o segmento representou 3,59% do PIB nacional em 2023, movimentando cerca de R$ 393 bilhões.
Em São Paulo, o índice sobe para 5,3%, com destaque para as ações culturais produzidas fora dos grandes centros formais.
Já de acordo com o Observatório Itaú Cultural, o setor cultural empregava 7,8 milhões de pessoas no ano passado — o maior número desde 2012. Foram 577 mil vagas abertas apenas em 2023, um crescimento de 10,4%, superior à média geral da economia nacional.
Esse movimento se reflete diretamente nas periferias. Em que o empreendedorismo criativos se dá por questões de sobrevivência, além de apenas de oportunidades.
Outro fator de destaque é o retorno financeiro do incentivo a cultura, que tem grande capacidade de impulsionar a atividade econômica local.
Em 2024, a Fundação Getúlio Vargas lançou uma pesquisa sobre a Lei Paulo Gustavo, um dos principais mecanismos de fomento a economia criativa. Com foco no Rio de Janeiro, a pesquisa apontou que, para cada R$ 1 investido pela Lei, o retorno é de R$ 6,51.
FORMAÇÃO E PROPÓSITO COMUNITÁRIO
A Pauta Periférica, produtora por trás do evento, é reconhecida por iniciativas que combinam jornalismo independente, formação e experimentação estética com foco em comunicação popular.
Além do CultCom, a organização também é responsável pelo Manda Notícias, veículo de jornalismo local com repercussão nacional, e pelo EduCapão, que oferece formação gratuita a jovens da zona sul em produção cultural e mídia.
SERVIÇO
Esquenta CultCom
Fábrica de Cultura do Capão Redondo – Rua Algard, 82, São Paulo/SP.
Sábado, 19 de julho, a partir das 15h.
Entrada gratuita | Classificação livre.
FOTOGRAFIAS: Roberta Carvalho.