Coletivo Slam do Pico lança o projeto A Favela é o Terror dos Bico, que reúne livro de poesias e música funk.
Edição: Carolina Fortes.
O coletivo Slam do Pico lançou recentemente o projeto A Favela é o Terror dos Bico, que reúne um EP musical e um livro coletânea de poemas recitados em batalhas de poesia da periferia da zona noroeste paulistana.
A obra mistura literatura e funk para combater a criminalização de movimentos culturais encabeçados por jovens de origem periférica. De acordo com Larissa Cordeiro, integrante do Slam do Pico, promover o encontro das duas linguagens artísticas serve para furar as bolhas que existem dentro das próprias periferias. Ela reconhece que, para os mais desavisados, o funk ainda causa estranhamento em parte do público. A baixa valorização do estilo musical se dá por um resquício colonial, que divide expressões artísticas em “eruditas” e “populares”, sendo que a segunda categoria, tipicamente de origem periférica, ainda tem sua importância menosprezada. Ela completa:
“O projeto A Favela é o Terror dos Bico promove o respeito e apoio à arte feita por jovens de quebrada e admiração mútua entre o público do funk e da literatura”.
Participam do EP os MCs Lalão do TDS, GH da Capital, Mlk de Mel e Francklin. Todes já realizaram pockets shows nos eventos mensais organizados pelo Slam do Pico. A produção musical é assinada por C. Mendes. O EP está disponível em todas as plataformas de streaming, incluindo Youtube.
Por sua vez, o livro reúne textos dos poetas que mais se destacaram nos eventos, aqueles que atingem boas notas e costumam ficar em primeiro, segundo e terceiro lugar nas batalhas. Há também poemas de artistas que participaram dos eventos como convidados ao longo de 2021. O livro A Favela é o Terror dos Bico pode ser adquirido direto com o Slam do Pico (os pedidos devem ser feitos via o e-mail slamdopico@gmail.com).
Vale destacar que os eventos do Slam do Pico tem como foco incentivar a carreira e as potencialidades dos jovens ao oferecer a possibilidade para que eles façam apresentações originais e recebam cachê pela participação.
DO ROLÊ PARA O TOPO
Fundado em 2018, o Slam do Pico reúne poetas e musicistas que não eram figuras carimbadas na cena de slam, tanto pela ausência de batalhas em seus locais de origem quanto pela temática de suas poesias destoar do que se encontra nos maiores eventos do tipo na cidade.
Atualmente, o coletivo é formado por Larissa Cordeiro, Igor Chico, Camila Largatera e Bianca Chioma. O ponta pé inicial do coletivo aconteceu quando Igor e Larissa foram convidados pela Pastoral da Juventude de São Paulo para a realizar um slam na Paróquia Santa Mônica, em Pirituba. O evento foi um sucesso e reuniu mais de 100 jovens da região. A partir desta edição, outros encontros foram organizados, de forma independente, já com o nome Slam do Pico.
Larissa conta que os integrantes do coletivo se conhecem há anos, pois todos são profissionais de cultura periférica e atuam na cena literária. “Íamos juntes para saraus, slam, festivais e feiras literárias que aconteciam em outras periferias da cidade”, diz ela. “Nesses encontros, maturamos a ideia criar um coletivo da nossa região, que agora tá aí vivo e crescendo”.
FOTOGRAFIAS: Divulgação.
Reportagem produzida pela Griot, assessoria de comunicação antirracista especializada em contar histórias de artistas, eventos, projetos culturais e criadores de conteúdo para a mídia e na internet.
