Não dá para negar a influência da cultura africana na formação da cultura brasileira, e mesmo com as inúmeras tentativas de apagamento, as tradições se enraizaram, enriqueceram a nossa sociedade e uma das maiores influências está nas nossas linguagens, principalmente no nosso idioma.
Muximba não é uma palavra que costumamos utilizar em nosso dia a dia, mas podemos encontrá-la em obras do escritor baiano Jorge Amado, que sempre salientou a importante contribuição das tradições de origem africana na criação da cultura baiana que ele evidenciava na sua literatura, como é o caso do livro “O Sumiço da Santa”, de 1988.
O termo, porém, ganhou força e se popularizou, principalmente na internet, após Luedji Luna regravar em 2020, no álbum “Bom mesmo é estar debaixo D’água” (leia mais sobre o álbum aqui), a canção Uanga, do poeta-ogã Lande Onawale. Muximba significa coração e é uma palavra de origem banto, que compõe parte do nosso Pretuguês.
Abadá, axé, caçamba, cachaça, cachimbo, dengo, fubá, miçanga, moleque, quitanda, quitute, cafofo, muvuca… Esses são alguns exemplos de que compreender a história e os saberes de povos tradicionais é fundamental para se entender também o vocabulário brasileiro.
Hoje podemos observar no dicionário brasileiro uma variedade de termos que usamos em nosso dia a dia, sem termos a noção de sua origem africana, mais especificamente do povo banto.
Lélia Gonzalez – uma das minhas referências – intelectual, antropóloga, ativista, professora universitária e muitas outras coisas, criou o neologismo Pretuguês. O termo cunhado por ela foi responsável por pensar a formação da identidade cultural brasileira por meio das palavras provenientes de idiomas africanos.
O Pretuguês acaba sendo também um ato contra o embranquecimento da língua e do conhecimento. Desta forma, Muximba é onde nasce o amor e, como canta Luedji:
FOTOGRAFIA: Reprodução/Facebook Luedji Luna/Wikimmedia Commons