Acompanhar e juntar-se ao coro para um cessar-fogo imediato é urgente. Também é necessário entender os motivos da tragédia na Palestina.
O maior genocídio televisionado da história moderna está acontecendo nesse momento na Palestina. E ao contrário do que o discurso israelense e da mídia hegemônica tentam fazer parecer, ele não começou em 7 de outubro com o ataque — também desmedido — do grupo extremista Hamas.
O povo palestino vive sob um regime de apartheid há décadas. Como afirmou o relatório da organização de direitos humanos Anistia Internacional, de 2022, os palestinos são tratados como um grupo racial inferior e sistematicamente privados de seus direitos, além de enfrentarem políticas cruéis de segregação, expropriação e exclusão de Israel. Justamente o que configura o crime contra a humanidade de apartheid.
É imperativo afirmar, nesse sentido, que há uma limpeza étnica em curso, que está matando sobretudo crianças. Segundo a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), uma criança é morta a cada 10 minutos em Gaza. Se Jesus voltasse hoje ao território como um bebê, ele provavelmente seria morto antes de completar seu primeiro ano de vida.
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Como jornalista, me compadeço também com os colegas que bravamente seguiram — e seguem — trazendo, para o restante do mundo, as informações que o Governo de Israel tenta esconder. Talvez, é por esse motivo que a Faixa de Gaza se tornou o lugar mais perigoso para exercer a profissão, segundo a ONU. Ao menos 57 jornalistas palestinos foram mortos em Gaza, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), e 64 foram assassinados desde o dia dos ataques do Hamas.
Por isso, reitero: juntar-se ao coro que pede o cessar-fogo imediato é urgente. Para entender a tragédia na Palestina, separamos seis filmes, séries documentais, livros e vídeos educacionais para te ajudar a entender a historicidade do conflito e o porquê é imprescindível afirmar e defender que as vidas palestinas importam.
1. Filhos da Palestina: Retorno a Haifa e outras histórias, por Ghassan Kanafani (livro)
Em Filhos da Palestina, cada conto envolve uma criança que é vitimada por acontecimentos e circunstâncias políticas, mas que, no entanto, participa da luta por um futuro melhor. Como em outras obras ficcionais de Kanafani, essas histórias exploram a necessidade de recuperar o passado – a pátria perdida – por meio da ação. Ao mesmo tempo, escritas por um grande talento, elas têm um apelo universal.
2. Nascido em Gaza, por Hernán Zin (Netflix – Documentário)
Nascido em Gaza foca na violência do conflito Israel-Palestina e nos seus efeitos nas crianças do território. O filme acompanha dez garotos e o cotidiano entre as bombas, durante a ofensiva israelita na Faixa de Gaza, em 2014, e como lutam para superar o terror e tentar normalizar suas vidas.
3. Palestina e Israel – A História de um conflito sem fim (Youtube do @canalrevisao)
O vídeo do canal reVisão explica a história dos conflitos, a importância religiosa e geopolítica; contextualiza a primeira e a segunda guerra mundial, o holocausto e a formação do Estado de Israel, o surgimento de células extremistas e o movimento sionista.
4. O QUE É O SIONISMO? (Youtube do @operamundi)
O jornalista e fundador do Opera Mundi, Breno Altman, explica o movimento político que defende o direito de um Estado judaico. Por conta dos embates entre Israel e Palestina, o termo voltou a ser discutido e é utilizado constantemente.
5. Al-Nakba: The Palestinian catastrophe (Youtube da @aljazeeraenglish – áudio em inglês)
Al-Nakba: A catástrofe na Palestina é um documentário feito pela Al Jazeera que acompanha os eventos que acarretaram na expulsão e fuga do povo palestino de seu território.
6. The Lobby (Youtube do @theinterceptbrasil – legenda em português)
É uma série documentário produzida pela Al Jazeera que investiga a influência do lobby israelense no Reino Unido e nos Estados Unidos. Ele revela como representantes do governo israelense e de outros grupos pró-Israel nos EUA atuam para estrangular o movimento pró-Palestina.
#FICAADICA: Criticar as atrocidades do Estado de Israel não é antissemitismo. O historiador Rafael Domingos Oliveira definiu, em um artigo publicado no Le Monde Diplomatique Brasil, a estratégia de silenciamento das críticas como o “domo de ferro ideológico” de sionistas, que censuram o debate público. Leia mais.
FOTO DE ABERTURA: Naaman Omar/Apaimages