10 influenciadores indígenas para você se conectar
Curadoria apresenta influenciadores indígenas que trazem novas perspectivas de mundo para as redes sociais.
Coletivo fomenta presença de mulheres no grafite
Coletivo Grapixurras das Minas promove encontros entre mulheres do grafite e busca garantir ambiente seguro para colocarem sua arte no mundo
Re-Farm Cria: edital para quem inventa a moda brasileira
Re-Farm Cria seleciona projetos de jovens profissionais da moda para incentivo financeiro de R$ 25 mil. Últimos dias para inscrição.
Heróis Negros: A busca da representatividade na cultura geek
Reportagem de Camila Santana Quaresma, Daniel Pahl Camargo, Giovanna Elis Nascimento Dantas, Ingrid Riedel Pereira (RA 819120109), Kaique Santos Maia e Thais Benica, alunos do curso de Jornalismo da Universidade São Judas Tadeu, parceira da Emerge Mag. Ilustradores negros dão nova cara e narrativa à cultura geek, dominada por personagens e criadores brancos e ocidentais Quem abre uma revista em quadrinhos e a folheia em busca de grandes histórias e aventuras, talvez nem perceba que existe um problema recorrente na cultura geek: a falta de representatividade negra e africana. Nesse universo fantástico, dominado por personagens brancos e ocidentais, encontrar um único herói negro ou heróina negra é como descobrir uma pérola rara no meio de um vasto oceano. Mity Dias e Marília Marz, ilustradoras e quadrinistas independentes, buscam mudar esse cenário, representando pessoas pretas em suas obras autorais. O propósito, elas contam, é mudar a vida das novas gerações com personagens que de fato reflitam suas feições. “As crianças de hoje terão figuras que não tivemos como parte de seus imaginários, como princesas e super heróis negros e cuja história não gira em torno da cor da pele” – Mity Dias Embora existam personagens negros em algumas séries de TV, filmes, quadrinhos e jogos, como a Tempestade dos “X-Men”, o Finn de Star “Wars episódios VII, VIII, IX” e o caçador de vampiros Blade, via de regra, personagens negros são estereotipados na cultura geek como gangsters ou bandidos, sub-representados ou utilizados de maneira secundária, cuja a única finalidade é dar blackwashing (maquiagem) a uma produção. A falta de diversidade na frente da tela, atravessa até os bastidores. Poucos são os criadores, escritores, diretores ou produtores de conteúdo negros no segmento geek. O que por sua vez, leva a uma falta de compreensão e sensibilidade em relação às experiências e perspectivas dos personagens negros que venham a ser retratados. Marília afirmar ser desanimador notar que não há referências negras no topo da cadeia editorial. Autora da história em quadrinhos “Indivisível”, uma narrativa sobre a cultura negra e leste asiática no bairro da Liberdade, em São Paulo, ela pergunta: “Até que ponto depende de mim? Meu objetivo não é ser desenhista da Marvel, mas se fosse, confesso que não sei se é possível chegar lá. Existem algumas mulheres que chegaram próximo, mas não lá”. LEIA TAMBÉM: Autoras negras brasileiras para se inspirar – Emerge Mag A reportagem conheceu Mity e Marília, na última edição da PerifaCon, evento que reúne diversos fãs da cultura Geek na periferia para prestigiar justamente a arte nerd feita na periferia paulista. Mity destacou a diferença do evento para outras feiras geeks, cheias de quadrinistas brancos, heterossexuais e cisnormativos. “Participar de uma experiência dessas fez eu me sentir em casa. As pessoas de lá me fizeram sentir como semelhante o tempo todo e saber que o lugar onde estava existe para fazer a diferença na vida de todas as pessoas”, conta Mity. A representatividade negra na cultura geek tem sido assunto recorrente de debate e ganhou destaque quando da estreia de “Pantera Negra”, filme da Marvel que apresenta um elenco predominantemente negro. O filme não só se tornou um enorme sucesso de bilheteria, mas também inspirou um senso de orgulho e empoderamento em pessoas negras em todo o mundo. Com personagens fortes e bem desenvolvidos, a história retrata uma visão positiva e poderosa da cultura negra e africana. #WakandaForever “Quando eu era criança eu tinha uma boneca Barbie preta e na época eu não soube dizer por que eu gostava mais dela do que das outras bonecas [brancas]. Hoje eu vejo que tinha mais afeição por ser parecida comigo e isso ser, na verdade, uma questão de representatividade”. Apesar disso, a presença de protagonistas negras nas telas e quadrinhos ainda parece ser um problema para alguns. A escolha de Halle Bailey, uma mulher negra, para o papel de Ariel na adaptação em live-action de “A Pequena Sereia”, gerou uma onda de racismo nas redes sociais. Muitas pessoas questionaram a decisão da Disney de escalar uma atriz negra para um papel originalmente representado por uma personagem branca. Tamanha mobilização pelo inverso, nunca se viu. Mas tal posição, só reforça a importância de continuarmos a discutir e trabalhar para alcançar uma maior diversidade e inclusão em todas as produções culturais. #FogoNosRacistas “Há quem diga que há uma ‘representatividade excessiva’, mas é só o mercado buscando fazer o mínimo para atender uma demanda. No fundo, a indústria continua extremamente branco” Anderson Awvas O anseio de se ver retratado fez, desde criança, o designer e ilustrador Anderson Awvas, criar personagens negros podereosos. Ele é idealizador do projeto cultural “Folclore BR: Uma Nova Visão” e autor de diversos quadrinhos, assim como do curta-metragem “Eu Sou Caipora”. O quadrinista lembra que não basta ter quem faça, é preciso também ter quem consuma essas produções. Para ele, consumir o trabalho desses artistas é fundamental para a manutenção de seus projetos e para dar voz a uma comunidade que historicamente foi sub-representada. E lança um desafio: ”Vá agora no seu streaming favorito e veja quantas obras com protagonismo negros ou de produtores não brancos você está de fato assistindo. Se houver mais de dois pretos, é porque você fez uma força bem grande para mudar sua lista de recomendações”. O que é o Afrofuturismo? – Emerge Mag Afrofufurismo é uma ideia de futuro próspero e tecnológico a partir de perspectivas negras. Conheça artistas e obras que forjaram o movimento.
Marcas de quebrada recriam camisetas do Brasil
Marcas da quebrada, Mile Lab, Corre e Andrart dão narrativa e estética periférica à camiseta do Brasil
“Índios, negros e pobres”: como a arte ressignificou a bandeira do Brasil
#Emergereposta: Thaís Seganfredo originalmente publicado na Nonada Jornalismo Era 1970 e o Brasil vivia o período mais sombrio da ditadura militar quando Abdias Nascimento subverteu a bandeira do Brasil ao trocar o lema positivista “Ordem e Progresso” por “okê, okê, okê, okê”, saudação a Oxossi, o caçador, orixá das florestas, dos animais e do sustento. Antes dele, artistas como Alfredo Volpi e Antonio Henrique Amaral já haviam realizado experimentações com os símbolos nacionais, desconstruindo suas formas geométricas alinhadas (Bandeira Brasileira, Volpi, década de 1920) e a justapondo com o pavilhão estadunidense (Boa Vizinhança, Amaral, 1968). Corta para o século 21. Cinquenta anos depois, o Brasil revive uma onda conservadora que ecoa conceitualmente no militarismo e que se apropriou do verde e amarelo como expressão pseudo-patriota de um Brasil homogeneizante e pouco tolerante à diversidade que nos identifica enquanto nação. Há três anos, a obra de Abdias integrou a exposição Histórias afro-atlânticas, ocasião em que foi doada pelo Ipeafro e selecionada pelo curador Hélio Menezes, que há tempos pesquisa o assunto. Hoje, Okê Oxossi faz parte do acervo permanente do Masp. “Tive a sorte de encontrar essa tela do Abdias nas minhas pesquisas e poder expô-la. Nesse processo, venho me deparando com uma série de outros artistas que não só recentemente mas há mais tempo têm revisitado a bandeira de modo a revê-la”, conta. ARTISTAS RESSIGINIFICAM A BANDEIRA DO BRASIL É Hélio, inclusive, um dos curadores responsáveis, ao lado de Raquel Barreto, por inserir obras da arte contemporânea que recontam o Brasil na exposição Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros, em cartaz no Instituto Moreira Salles Paulista até janeiro de 2022. A mostra, que o Nonada visitou em outubro, tem como fio condutor os manuscritos da escritora, em especial o livro que ela originalmente nomeou como “Um Brasil para os brasileiros”, a partir de uma frase que Carolina atribui a Rui Barbosa. “Ela se apropria dessa frase de um sujeito homem branco de classes abastadas e vai também mudar o sentido do que seria esse Brasil e do que seriam esses brasileiros. Carolina conta uma outra história do país, faz uma reflexão social, analítica de um país inteiro a partir de uma linguagem literária poética. Os brasileiros de Carolina são os sujeitos rasurados da história. Essa releitura de país que Carolina conduz em seus trabalhos é trasladada [na exposição] nas artes visuais, que também vão fazer uma releitura do país e dos símbolos pátrios, a partir de uma outra versão, outra mirada”, explica o curador. Esse Brasil se constrói também na escolha da materialidade, através do uso de materiais menos nobres, como papelão e garrafas. “Há um processo por assim dizer, ‘carolineano’ de conversão de materiais que foram descartados no suporte de criações poéticas”, complementa. Na medida em que recontar o país é também rever os elementos oficiais que o representam, muitas obras presentes na mostra ressignificam a bandeira do Brasil. É o caso de Bandeira Nacional (2021), que Desali compôs a partir de 504 esponjas de cozinha usadas, sustentadas por 6 limpadores de chão. Jefferson Medeiros participa com duas versões da bandeira: Cobertor (2020) e Obra embargada (2020), composta por um entalhe em um tijolo simples de construção. Com algodão cru, linha e agulha, Thiago Costa segrega cada uma das formas geométricas que compõem a flâmula em Notas de falecimento (2018). Há ainda espaço para a já emblemática Bandeira Brasileira (2019) criada por Leandro Vieira para o desfile da Estação Primeira de Mangueira do mesmo ano. EXPOSIÇÃO CAROLINA MARIA DE JESUS CONTRAPONTO À ESTÉTICA BOLSONARISTA Se atualmente nosso pavilhão foi apropriado por uma elite conservadora (ou reacionária), há raízes profundas nesse processo. Ainda que a bandeira atual tenha sido criada em 1889 como um contraponto ao Império, seu significado tem origem na aristocracia militar. Para o Guilherme Mautone, que estuda atualmente a produção de uma estética bolsonarista, a bandeira traz estruturas simbólicas do passado brasileiro. “A divisa ‘ordem e progresso’ carrega um sentido particularmente inquietante se a pensarmos no contexto da ditadura, um sentido relacionado à obediência e condescendência ao regime militar, assassino e opressor das liberdades civis”, destaca o doutor em Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e docente da Casamundi Cultura. Não surpreende, então, que o símbolo seja amplamente utilizado em manifestações de extrema-direita em apoio a Bolsonaro. Resgatar a bandeira do limbo em que estava nas últimas décadas significa, para a direita, uma dupla reencarnação, explica Mautone: “do ideário ditatorial, autoritário e repressivo e, no mesmo lance, do ideário imperial, de unificação nacional por meio da construção ideológica e semiótica”. Ironicamente, o pensamento positivista, que inspirou a frase, tinha como preceito o conhecimento científico. Ressignificar a bandeira seria, desta forma, um movimento contra-hegemônico desde sempre na história do Brasil? “Se transpormos a análise para o trabalho artístico atual, então veremos como essa bandeira, em alguns artistas, deixa de ser símbolo unificador e conservador dessa unidade alienante da Nação. E passa a ser denunciada, às vezes até pela sua hipocrisia”, pondera Mautone, fazendo uma ligação também com penduricalhos ideológicos que a direita atual acrescentou à bandeira: “Hoje em dia novamente os artistas estão atentíssimos a essa reaparição, no sensível, da bandeira do Brasil. E sua usurpação carregada de repetições alienantes por parte da extrema direita, com seus pedidos por família, intervenção militar e claro rompimento com a institucionalidade. E, na medida em que estão atentos a isso, os artistas, fazendo eco a essa nossa tradição de uma arte também guerrilheira quando necessário, efetuam sobre esse símbolo nacional transformações, inversões, mudanças”, avalia. ARTISTAS CONTEMPORÂNEOS E A BANDDEIRA DO BRASIL “Veja, por exemplo, A nova bandeira brasileira #2 de Raul Mourão, com um rombo no meio, sugerindo o buraco em que nos metemos desde 2016-2018. Ou as fotografias do sabonete com a palavra “Brasil” da Marília Scarabello, que se vai dissolvendo e indo embora pelo ladrão do ralo. Ou a Bandeira de Farrapos de Martha Niklaus, de 1993, feita inteiramente com roupas descartadas por moradores de rua, numa direta associação (que vemos se
Projeto Encosta desafia padrões da cena audiovisual
Produções do coletivo criado no Jardim Dona Sinhá, zona leste de São Paulo, inovam na linguagem e chamam atenção da elite do audiovisual
A ascensão de negócios e economia criativa das favelas
Expofavela apresentou a riqueza e a criatividade que brota das periferias. Conheça a startup Maloca Games e a moda da Coração da África. Na 2ª edição da ExpoFavela, a favela desceu para o asfalto. A maior feira da economia criativa das favelas aconteceu de 17 a 19 de março, no WTC Events Center, na Berrini, área de influência do capital financeiro da cidade de São Paulo. O evento reuniu milhares de pessoas de todas as idades e origens em um ambiente que celebrou a cultura periférica e o empreendedorismo das comunidades locais. Com exposições, shows, palestras e conferências, a feira mostrou ao público a riqueza e diversidade das favelas, bem como as necessidades dos moradores dessas comunidades. Celso Athayde, CEO da Favela Holding e um dos organizadores do evento, explicou que a intenção da ExpoFavela é que os favelados mostrem seu trabalho, seus saberes e vivências. A ideia é conectar os empreendedores com pessoas que nunca estiveram em uma favela. Houve mais de 300 expositores, com soluções ligadas à identidade cultural da periferia. Roupas, decoração, culinária e outros negócios de varejo tiveram forte presença. “Favela não é carência, favela é potência” Celso Athayde AFRO GAMES E MODA AFRICANA Dentre tantas ideias e negócios, um dos destaques foi a Coração da África, loja de moda, acessórios e instrumentos musicais de culturas africanas. Um dos diferenciais da marca são peças feitas em Kente, tecido tradicional dos povos Ashanti ou Asante, atual Gana, feito de tiras com cores vibrantes e estampas geométricas. Passeando pelos corredores, deu para encontrar negócios de base tecnológica – startups, como a Maloca Games. A empresa é uma desenvolvedora de jogos temáticos baseados na cultura afrobrasileira e favelada. Em seu portfólio, há o jogo de cartas “Axé: a energia dos orixás”, em que os jogadores precisam fazer uma sequência de cores com suas cartas numa competição multiplayer. #Afrogames LEIA TAMBÉM: Os encontros e o território do Periferia Preta – Emerge Mag MÚSICA, CINEMA E LITERATURA Além de empreendedorismo, a ExpoFavela entregou exposições e espaços repletos de subjetividade e símbolos. Com nome inspirado no clássico de MC João, o show Baile de Favela levou a estética típica dos fluxos de funk. O Favela Cine apresentou filmes produzidos e estrelados por criativos periféricos do audiovisual. Um deles é o documentário “Slam: a Voz do Levante”, em que se retrata as batalhas de poesia e poetry slams cada vez mais comuns nas comunidades. O longa conta as origens dos campeonatos de poesia e a realidade de cada um dentro da modalidade. Imagine uma livraria só com obras de autores de quebrada. Teve também. O estande Favela Literária era composto por livros de de Renata Oliveira Santos, Tatiane Santos, Cidinha da Silva e Beth Cardoso. Um livro em específico na livraria era “Minhas ações e meus pensamentos”, uma coletânea de poesias por Marlon Soares que refletem a juventude da periferia. LEIA TAMBÉM: Baile funk das lésbicas e bissexuais onde homem não entra – Emerge Mag De acordo com Renata Tavares Furtado, coordenadora do Museu das Favelas, presente no evento, o museu tem como premissa preservar e guardar as memórias e vivências das pessoas que viveram e vivem nas favelas e conscientizar a população sobre as necessidades e desafios nas comunidades. Além disso, a instituição mantém contato com as favelas sobre iniciativas e tendências que surgem nas favelas, assim incentivando o protagonismo dos moradores nas periferias e dando visibilidade ao trabalho de reparação social. Nesse sentido, a feira de negócios foi um convite à reflexão. Um encontro para evidenciar a beleza, o potencial e as tecnologias das favelas, capazes de amenizar as desigualdades socioespaciais. Inclusive, um dos motivos por trás do fracasso de políticas e iniciativas com foco em favelas é justamente não incluir os saberes e as prioridades dos próprios moradores – não compartilhar o poder de decisão com quem de fato é o mais interessado. E fica a dica: conexão e diversidade podem ser a chave para transformações reais. Foto de Abertura Witri. Da ponte pra cá: a ressignificação do nome “favela” Origem do termo favela remonta às desigualdades sociais, culturais, raciais e econômicas do Brasil. Mas favela também é riqueza, criatividade e impacto positivo.
O rolê como aliado da nossa saúde mental
Jovens periféricos falam sobre o impacto da cultura, do esporte e lazer no controle da ansiedade e na promoção da saúde mental #Emergereposta: Ira Romão originalmente publicado na Agência MuralEsta reportagem foi produzida com o apoio do Instituto SulAmérica como parte do movimento #BemAmarelo. “Conto os dias para poder sair, ir a algum lugar para me distrair”, diz Girlania Merces, 22, que há anos enfrenta crises de ansiedade e já passou por grave depressão. Moradora do bairro Jardim João XXIII, situado no distrito Raposo Tavares, na região do Butantã, zona oeste da capital, Girlania teve esses diagnósticos identificados durante o ensino médio. “Sofria bullying [ato de ameaçar, intimidar ou humilhar alguém]. Por isso me sentia muito mal comigo mesma. Por três vezes, tentei tirar minha vida. Também me machucava, cortava meus braços. Mas nada disso resolvia a situação”, conta. “Tive que passar no psiquiatra, fazer terapia e tomar remédio. Foi uma época muito ruim. Fiquei nessa [situação] de 2017 até 2019”, relembra Girlania, que atua como líder de loja em uma empresa de varejo. A família dela também foi um alicerce importante. “No começo deste ano, tive início de depressão. Mas, graças a Deus, minha mãe esteve perto e me ajudou a sair dessa.” Um recente estudo do Atlas da Juventude mostra que Girlania não está sozinha. De acordo com o levantamento, que é a terceira edição da série de pesquisas Juventudes e a pandemia: E agora?, a propagação da Covid-19 trouxe grande impacto à saúde mental dos jovens. O estudo, que foi realizado entre julho e agosto de 2022, com mais de 16 mil jovens de 15 a 29 anos, mostra que 6 a cada 10 dos pesquisados passaram ou vêm passando por ansiedade nos últimos seis meses. ROLÊS COMO AUTOCUIDADO Hoje, felizmente, Girlania consegue controlar as crises de ansiedade e manter a depressão longe. Segundo ela (como já havia destacado no início desta reportagem), um dos fatores que contribui para isso são os rolês que faz no tempo livre. “Sair com amigos, me divertir, conversar com alguém e ficar com minha família me ajuda e muito” Girlania Merces, 22, líder de loja Ela gosta de frequentar baladas e costuma programar essas saídas, que na maioria das vezes tem como destino a região de Pinheiros, também na zona oeste, ou a Rua Augusta, próxima a região central. “Ao sair fico empolgada. Ainda mais quando estou de folga no dia seguinte. Porque saio, me divirto a noite toda, sem ter hora para voltar para casa e fico tranquila”, relata. Há cerca de um ano e meio, Girlania passou a morar sozinha, o que se revelou um grande desafio. “Quando morava com meus pais, convivia também com meus irmãos mais novos, que são gêmeos e têm seis anos. Isso sempre me divertia e me distraía muito. Quando me mudei tive dificuldades por não querer ficar sozinha o tempo todo”, lembra a jovem. Foi nesse momento que ela percebeu que sair com os amigos e visitar a família sempre que possível contribuía para reencontrar o equilíbrio emocional. “Isso tudo distrai muito minha cabeça. Faz eu esquecer os problemas da vida.” Aghata Santos, 23, é enfermeira e afirma que dar um rolê, seja sozinha ou com os amigos, “tira o estresse e diminui a ansiedade”. LEIA TAMBÉM: Conexão e cura por meio do tambor “Adoro ir a uma roda de samba de rua, amo poder sentar fora de casa para comer um lanche, ouvir uma boa música” Aghata Santos, 23, enfermeira Para Agatha, fazer esse tipo de coisa traz bem-estar e equilíbrio emocional. “Esqueço dos problemas e de toda a ansiedade que me acompanha no dia a dia.” Moradora do bairro Jardim Íris, distrito de Pirituba, na zona norte da cidade, Agatha lida com crises de ansiedade, que já tratou em terapia e que, hoje, surgem até nos momentos que antecedem as atividades de lazer. “Fico ansiosa a ponto de contar dias ou horas quando tenho um compromisso marcado há muito tempo”, revela. “Quando chega a data, já mando mensagens para todos os amigos para combinar o lugar [do encontro].” Ela costuma sair todas às sextas e aos sábados à noite. Às vezes, aos domingos. “Atualmente, minhas principais atividades são: ir ao cinema, parques, shows e barzinho. Amo viajar, mas infelizmente não é algo que eu possa fazer sempre.” Agatha costuma frequentar com os amigos estabelecimentos fora do bairro onde mora. “Até frequentamos alguns lugares por aqui, mas na maioria das vezes nos deslocamos para outros bairros. Freguesia do Ó, na região norte, é um dos preferidos”, expõe. Agatha diz ainda que chega a ficar chateada quando não consegue acompanhar alguma das programações da galera. OUTRAS OPÇÕES O estudo do Atlas da Juventude revela ainda que, além da terapia e da socialização com os amigos, os jovens apontam também atividades físicas e hobbies como práticas que ajudam no equilíbrio mental e emocional. Lucas da Costa, 26, é autônomo no segmento cultural e enxerga o esporte como algo fundamental para manter o equilíbrio tanto físico quanto emocional. Há 10 anos ele anda de skate. “Tem sido minha válvula de escape. Tanto em momentos muito felizes, quanto em momentos tristes, sempre volto para casa com uma sensação boa”, diz Lucas. “Quando fico sem andar de skate, sinto que algo está faltando” Lucas da Costa, 26, autônomo Recentemente, o morador do bairro da Vila Zatt, também em Pirituba, inseriu academia e basquete na rotina. “Vou à academia cinco vezes na semana, e jogo basquete e ando de skate três vezes por semana”, comenta. Embora não tenha a confirmação médica de qualquer transtorno mental, Lucas afirma que se sente ansioso para realizar as atividades que lhe trazem benefícios. “Quando pratico alguma dessas atividades me sinto leve e tenho mais organização. Também percebo que consigo pensar melhor”, avalia. LEIA TAMBÉM: Tão afiada quanto navalha: a poesia do Slam Marginália – Emerge Mag DE OLHO NOS BENEFÍCIOS O psicólogo Douglas Félix, 38, entende como essenciais todas as práticas citadas pelos jovens entrevistados pela Agência Mural para manter o
Desmistificando o Veganismo: acessível e sustentável para todos
Apesar de imagem elitista, influenciadores e ativistas mostram que o veganismo pode ser uma escolha sustentável para as periferias