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Visibilidade trans: para ver, ler e sentir

01/02/2024

Na semana do Dia da Visibilidade Trans, conheça a ascensão de pessoas trans na história recente do Brasil e dicas de livros e filmes.

“Travesti e respeito: já está na hora de os dois serem vistos juntos. Em casa. Na boate. Na escola. No trabalho. Na vida”. Esse foi o lema que da campanha Travesti e Respeito, uma articulação de movimentos sociais e ativistas transgêneros com o Ministério da Saúde. Lançada em 29 de janeiro de 2004, a ação marcou a institucionalização do Dia da Visibilidade Trans, que completou 20 anos nesta semana.

Nesse período, a visibilidade trans cresceu no Brasil. Por exemplo, a candidatura de pessoas trans aumentou 44% entre 2018 e 2022, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais. No mesmo ano, pela primeira vez na história, duas mulheres trans foram eleitas para o Congresso Nacional: Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG). Nas assembleias estaduais, foi a vez de Linda Brasil (PSOL-SE) e de Dani Balbi (PCdoB-RJ), esta última, hoje, pré-candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro.

Na televisão, também houve avanços. Após dois álbuns lançados – Pajubá e Trava Línguas – e participação nas séries Segunda Chamada (Globo Play) e Manhãs de Setembro (Prime Video), Linn da Quebrada foi selecionada no Big Brother Brasil 2022. Eliminada na 12º semana, chegou bem mais longe do que Ariadna, até então a única representante trans no programa e a primeira eliminada na edição de 2011.

Em 2016, foi a vez de Amaira Moira. Professora de literatura, doutora em Letras e, na época, prostituta em Campinas, ela lançou o livro E se eu fosse Pura, relato autobiográfico sobre sua transição de gênero e as experiências como profissional do sexo. Com 708 comentários e nota 4,4 na Amazon, o livro teve 4 mil cópias vendidas nos dois primeiros anos, o que rendeu novas edições em 2018 e 2020.

Numa entrevista em 2019, Amaira afirmou que foi necessário ver outras pessoas trans ocupando espaços na Unicamp para, só então, sentir que também tinha o direito e condições de se assumir travesti sem renunciar ao direito de estudar – visibilidade na prática.

Já não é possível ignorar nossa existência e relevância. Nunca estivemos tão fortes, nunca fomos tão protagonistas das transformações sociais.

AMAIRA MOIRA, ESCRITORA

Confira abaixo filmes, livros, séries e outras obras brasileiras protagonizadas por pessoas trans.

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VIAGEM SOLITÁRIA – Livro

Narra história de João W. Nery, o primeiro transexual masculino de que se teve notícia no Brasil. Um retrato íntimo que causa pertencimento, aborda a infância triste e confusa do menino tratado como menina, a adolescência transtornada iniciada com a “monstruação”, o processo de autoafirmação e a paternidade. O sociólogo Darcy Ribeiro, autor de O Povo Brasileiro, amigo e mentor intelectual do autor, é um dos personagens.

TRANSFEMINISMO – Livro

Pedagoga, mestra e doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Piauí, Letícia Nascimento é mulher trans, gorda e negra. Numa linguagem acessível e didática, explica conceitos de gênero, transgeneridade, mulheridade, feminilidade e feminismo. A obra é convite para que as pessoas se abram às diversas existências, que não necessariamente se encaixam na organização binária e cisgênera do mundo.
Lançamento: 2021

CRIANÇAS TRANS – Livro

Partindo da cultura virtual contemporânea e da literatura científica, aborda uma das bases dos estudos sobre infância: como funcionam os dispositivos sociais de afirmação de determinadas identidades, em detrimento de outras, hierarquizadas como “normais”, “boas” e “bonitas”. Baseado na infância da própria autora, a psicóloga Sofia Favero, o livro faz parte da coleção Saberes Trans, da editora Devires, que reúne quatro obras sobre transexualidade escritas por pesquisadoras trans.
Lançamento: 2021

E SE EU FOSSE PURA – LIVRO

Obra autobiográfica, Amaira Moura mostra o cotidiano da prostituição sob perspectiva trans. É a história da travesti que se descobre escritora ao tentar ser puta e puta ao bancar a escritora. Revela as angústias, os medos, os preconceitos e os prazeres da profissão, e escancara verdades que a sociedade prefere esconder debaixo do tapete.
Lançamento: 2016

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PALOMA – Filme

Ambientado no sertão pernambucano, conta a história de uma agricultora transexual cujo sonho é se casar na Igreja e celebrar a união com o seu companheiro de forma tradicional. É um balanço sobre preconceito, violência, afetos e fé. Kika Sena, a protagonista, também é autora dos livros Marítima (2016) e Periférica (2017) e foi a primeira mulher trans a receber o Troféu Redentor de Melhor Atriz no Festival do Rio.
Lançamento: 2022
Onde Assistir: Globoplay

INDIANARA – Filme

O documentário conta a história de Indianarae Siqueira, ativista e idealizadore da CasaNem, instituição carioca de cultura e acolhimento de pessoas LGBTQIA+. Em meio a disputas partidárias e polarização política, aborda o combate ao preconceito e a intolerância frente um governo opressor por meio da construção de núcleos de afeto, busca por justiça e direitos básicos.
Lançamento: 2019
Onde assistir: Telecine, YouTube, Globoplay, Apple TV e Google Play Filmes

TEA FOR TWO – Filme

Vencedor do prêmio Guarani de melhor curta, é dirigido, roteirizado e coestrelado por Julia Katharine [já perfilada pela Emerge]. A trama é centrada numa cineasta de meia-idade em crise com a vida. Na mesma noite em que é surpreendida pela visita da ex-esposa, que a largou há alguns anos, conhece outra mulher que a fascina.
Lançamento: 2018
Onde Assistir: Globoplay

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Redação Emerge Mag

Revista digital de cultura, direitos humanos e economia criativa interseccional e estúdio criativo de Diversidade, Equidade, Inclusão e Impacto Social.

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