Brasileira que vive na Holanda, Mavi Veloso lança álbum visual Travesti Biológica e aborda as singularidades de viver entre duas culturas diferentes.
Edição: Carolina Fortes
Há poucos dias, Mavi Veloso lançou seu disco de estreia Travesti biológica. Nascida e criada em Minas Gerais, a artista vive fora do Brasil desde 2014 e atualmente mora na Holanda. Porém, o novo álbum de Mavi Veloso não tem CEP fixo e expande-se em línguas e sonoridades múltiplas. A intenção é romper barreiras e, cada vez mais, intensificar o diálogo artístico e reflexivo da cantora com o Brasil. Ela explica:
“A álbum é uma celebração a beleza do corpo trans e não-binário e a resistência travesti. É um projeto de performance, música e vídeo, um álbum visual pop que carrega referências musicais e visuais eletrônico-pop-trap-futurista-tropicais.”
Em breve, Mavi pretende fazer uma turnê de lançamento em território brasileiro. Afinal de contas, Travesti Biológica também nasce daqui e, ao mesmo tempo, para cá se destina.
Em 7 de janeiro, ela já havia divulgado o single Names, também inédito, que caminha por um trap potente, com vocais em inglês. Ouça aqui.
Vida em duas culturas diferentes
Travesti Biológica atua bastante sobre a contradição e complexidade que é viver entre culturas e línguas diferentes. “É cada cada vez mais importante abrir fissuras e fortalecer esse trânsito de pessoas como eu, para que elas possam ir e vir daqui para lá e de lá para cá”, destaca a cantora.
As primeiras composições de Mavi Veloso, que agora chega para o mundo por meio do álbum, surgiram por volta de 2017, quando a artista desenvolvia sua tese de mestrado sobre questões de identidade e gênero na voz.
Um ano e meio depois, a vontade de formatar as músicas num EP passou a fazer cada vez mais sentido. De lá para cá, Mavi fortaleceu parcerias profissionais e afetivas no Brasil e na Europa.
“Tem muitas misturas de gêneros musicais, justamente por toda essa confluência de territórios. Mas acima de tudo, as questões corporais, o fato de ser um corpo trans, um corpo estrangeiro, todos os traumas, as contradições e os processos de empoderamento são as maiores orientações para construção deste álbum”, ressalta Mavi.
FOTOGRAFIA: Bruno Freire
Reportagem produzida pela assessora e jornalista cultural Izabela Costa.