*Reportagem produzidas por alunos do curso de jornalismo da Universidade São Judas Tadeu, parceira da Emerge Mag.
“Quem sabe, sabe. Favela style”. Essa foi a legenda usada pela cantora Anitta ao mostrar o look para sua festa de aniversário realizada em Las Vegas, em 2022. Look esse que veio lá das favelas do Rio de Janeiro, mais especificamente do bairro da Pavuna, no Rio de Janeiro.
O fato ilustra a realização de um sonho do estilista Jeanderson Martins, de 22 anos, mais conhecido como Abacaxi e fundador da marca Piña, responsável pelas roupas vestidas pela cantora.
Jeanderson começou a ter gosto pela moda na infância por influência de sua mãe, que gostava de vestir roupas ousadas na época em que frequentava bailes de favela do Rio. O jovem passou a ver a moda como uma forma de sustento aos 14 anos. Na época, ele comprou uma calça em um brechó, customizou o produto e vendeu por R$ 400 em um leilão.
O estilista abriu um brechó, depois uma loja e hoje tem sua própria grife, que inspira e influencia toda uma geração de favelados.
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MUITO MAIS QUE SÓ UMA ROUPA
Moda não só como um artigo de roupas, mas uma expressão artística, política e de personalidade. Por isso, marcas revolucionárias surgem diariamente nas favelas brasileiras, para gerar destaque à pautas relevantes que conversam com a realidade e que buscam dar voz à diversas personalidades.
Para Jaque Loyal, fundadora da marca Loyal, a moda tem a ver com o cotidiano, com o nosso jeito de ser e de estar – O Favela Style. Criada em 2017, a Loyal é fruto da criatividade e customização que a jovem fazia em roupas de brechó.
A marca tem suas raízes na periferia, mais especificamente no Capão Redondo, e seu objetivo é mostrar que lá dentro existe muito talento e que não é preciso gastar muito em roupa para se sentir bem. A Loyal é famosa pelos pelos desfiles que realiza constantemente dentro das comunidades, principalmente nas Fábricas de Cultura da região. Os defiles da marca já reunião 400 pessoas.
“Eu diria que o Loyal é feito na quebrada, para a quebrada e a gente quer atingir as quebradas”, destaca Jaque.
Maria Ametista, 28, participa do Loyal há cinco anos. Já trabalhou na produção do projeto e hoje é modelo. Para ela, o Loyal representa a inspiração e o estilo da menina periférica.
Perguntada sobre seu primeiro desfile, Ametista conta que não tinha a dimensão de estar representando sua quebrada e todo um jeito de ser – o Favela Style -, apenas de estar realizando um sonho. Hoje já pensa diferente. Segundo Maria, o sonho de ir às passarelas foi realizado no momento certo, ela acredita que foi logo no momento em que começou a ter coragem de ser ela mesma, uma travesti negra. Na época recém-chegada a São Paulo, a jovem diz que o projeto lhe trouxe incentivo e que ninguém poderia ditar seus sonhos.
FOTO DE ABERTURA: FREDERICO ASSIS
Marcas de quebrada recriam camisetas do Brasil – Emerge Mag
Marcas da quebrada, Mile Lab, Corre e Andrart dão narrativa e estética periférica à camiseta do Brasil