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Moda Brasileira: conheça seis marcas com propósito

16/08/2021

Por uma moda sustentável e diversa, estilistas brasileiros lançam coleções baseadas em consumo consciente, produção local e protagonismo de mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+

Estilistas lançam coleções baseadas em consumo consciente, produção local e protagonismo de mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+

A Moda acontece muito antes de virar uma roupa em nosso armário. Ela nasce das inquietações para provocar discussões e permitir que você encontre você mesma num processo de afirmação de identidade. E, assim como uma história, a moda (e nossas vidas) segue em constante construção.

Entre as demandas do nosso tempo, estilistas brasileiros têm buscado por uma moda mais sustentável e com propósito. Assim como a Emerge, uma nova leva de marcas apoia o consumo consciente, a produção artesanal e local e o protagonismo de empreendedores mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+.

Um bom evento para encontrar várias marcas com esse perfil é a Casa de Criadores. Com 25 anos de existência, o evento dedicado à moda autoral brasileira é um celeiro de novos talentos e porta de entrada a maior semana de moda do Brasil, a São Paulo Fashion Week. A Casa de Criadores também possui viés social e político e, por meio de desfiles, debates e performances, aborda questões de raça, gênero, inclusão, arte, cultura, sustentabilidade, empreendedorismo e responsabilidade social – tudo na construção e fomento de uma moda genuinamente nacional. Na 48ª edição da Casa de Criadores, findada há poucos dias, 36 marcas exibiram fashion films nas redes sociais do evento; mais uma vez rolou apenas formato digital devido à pandemia da Covid-19.

Para abrir ainda mais espaços para a moda brasileira, eu selecionei seis marcas bafo de moda com propósito que participaram da Casa de Criadores. Conheça suas histórias e veja os fashions films.

Heloisa Faria

Desde 2010, a estilista propõe revoluções para a moda ao evitar o calendário tradicional, se valendo de tendências sazonais para criar roupas atemporais. Seu processo criativo é permeado pela investigação dos femininos plurais. Sem amarras de gênero e em um reposicionamento de marca, a estilista valoriza a memória afetiva das roupas e o respeito e o cuidado ao corpo, além de ser ligadíssima com a questão da sustentabilidade. Na casa de Criadores, Helô apresentou a coleção “Gildas”, que nos levou de volta aos anos 1970 com camisaria, jeans, flores e brilhos e celebrou as mulheres e suas individualidades num curta metragem com roteiro da própria estilista. Destaco aqui que a marca é o meu xodó. Tive contato com a Heloisa Faria ao cursar Produção de Moda no Senac São Paulo, lá em 2017. No meu trabalho de conclusão de curso, os looks da marca vestiram as modelos (só amor!).

Berimbau Brasil

Uma das estreias mais lindas da 48ª foi a Berimbau Brasil. Criada em 2018 pelo estilista maranhense Sandro Freitas, a marca de moda brasileira tem o propósito de desenvolver produtos com imagem urbana e contemporânea – e repleta de inspirações afro-indígenas. Com estética futurista, as peças possuem modelagem agênero, além de acabamento artesanal. Shorts, tops, muita estampa e muita cor marcaram a coleção “O Ritmo”, que mescla a ancestralidade da capoeira e do berimbau com o street e aborda as vivências e a luta dos povos originários. Outro destaque são os acessórios desenvolvidos pela artista Diva Green (nossa musa!), que deram destaque aos looks do filme, conduzido por sons de berimbau.

Ken-gá

Ousadia é o lema! Criada em 2016 por Lívia Barros e Janaína Azevedo, a marca de acessórios e beachwear – ou bitchwear, em tradução livre “quenga” – esbanja autenticidade e é totalmente politizada, se pautando na luta pelo empoderamento feminino e LGBTQIA+ e subvertendo rótulos e padrões de corpos. A marca de moda brasileira caiu nas graças do povo e das celebridades com os icônicos brincos com frases como “Fora Temer” e “Sai Machista”. Seguindo a inspiração na cultura popular, a marca apresentou a coleção “Mandraka” (gíria da periferia para descrever uma mina estilosa e que chama a atenção). Os looks trazem neon, brilho, roupas justas, brasilidade e autenticidade, com peças inspirada nos bailes funk de quebrada e, claro, nas suas frequentadoras: as mandrakas.

Brocal

Já ouviu a música Brocal Dourado da Tulipa Ruiz – aquela que diz ‘’a promessa de continuar a fazer da minha vida um bordado de renda, de chita filó’’?. O nome da música foi inspiração para a cantora, ao lado do irmão Gustavo Ruiz, produtor musical e artista visual. Na essência da Brocal está estilo, liberdade, pluralidade de corpos e, tchran, música. Antes de se ingressar no mundo da moda brasileira, a Brocal já existia como uma agência que reunia editora, estúdio e produtora musical, onde Tulipa é responsável pelo braço visual. A coleção “Aconteceu de Caber” apresentou roupas estampadas com ilustrações de Tulipa e peças de crochê confeccionadas também por ela. Ou seja, ela faz tuuudo!

Gefferson Vila Nova

Streetwear made in Bahia. Nascida em Salvador em 2013, a marca do estilista Gefferson Vila Nova traz roupas um espírito atemporal que não enxerga barreiras ao conectar sportwear e alfaiataria. Entre março e setembro de 2020, Gefferson foi responsável pela costura de mais de 400 peças, entre elas macacões e aventais para médicos de Salvador em um momento de escassez de insumos têxteis e roupas de proteção individual nos centros médicos. Além da função de impedir a contaminação pelo vírus, o estilista trouxe um aspecto fashionista aos uniformes de trabalho. Em sua coleção apresentada na Casa de Criadores, nomeada de “Das”, a marca teve como inspiração os tal EPI (Equipamento de Proteção Individual). Dentre as peças, encontramos parkas, amarrações de cordões e modelagens de equipamentos utilizadas pelos profissionais da linha de frente da Covid-19. Além disso, o filme carrega o simbolismo de fugir da realidade diante do contexto pandêmico em que o mundo se encontra.

KF Branding

Criada pela estilista nordestina Kel Ferey, a marca de raízes indígenas e negras trabalha com matérias-primas recicláveis e preza pelo respeito aos direitos humanos e dos anos na cadeia de produção de moda. A coleção ‘’Brilhantismo na Sala de Estar’’ apresentou pessoas pretas que inspiram e transformam, personalidades de sucesso entre elas a vereadora Erika Hilton, o estilista Isaac Silva e a dançarina e ativista das causas raciais e das pessoas com deficiência Mona Rikumbi. Por sua vez, as roupas têm um misto de alfaiataria, streetwear, estamparia e cores vibrantes. Numa ação social, a marca vai rifar as peças da coleção e o valor arrecadado será doado para instituições que apoiam povos indígenas, negros e LGBTQIA +.

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