Em mais uma edição da série de curadoria de artistas visuais, Emerge Mag apresenta Raphael Borges e a exploração da sensibilidade humana
Nascido em São Miguel, bairro periférico da zona leste de São Paulo, o jovem Raphael Borges se vale de técnicas de colagens, serigrafias e pinturas digitais e acrílicas para explorar o lado mais sensível do ser humano. Sua arte mergulha em formas, cores e planos para transmitir mensagens, mesmo quando elas estão explícitas.
Com 29 anos, ele ingressou na arte por meio da fotografia, em 2013. De cara, fez trabalhos comerciais de fotografia de moda e beleza, mas logo percebeu que o segmento não o cativava. Daí, começou a explorar a fotografia de rua – onde encontrou sua paixão:
“Me encontrei na fotografia ao capturar imagens de pessoas nas ruas e as formas geométricas que a cidade carrega através da sua arquitetura”
Com fotos majoritariamente em preto e branco, capturadas com câmeras de qualidade duvidosa – como ele mesmo explica –, o Raphael focou no segmento de fotografia do cenário urbano até 2018, quando se mudou para Lisboa para prosseguir com a pesquisa artística. Porém, em terras europeias, sua única câmera quebrou. Sem dinheiro para comprar outra, ele teve que se desdobrar. Voltou a fazer colagens manuais e se arriscou em colagens digitais para não deixar de lado o praticar artístico.
Em 2019, Raphael voltou para São Paulo. Com mais bagagem e experiência, focou em técnicas de pintura e ingressou no mundo da serigrafia ao utilizar o ateliê aberto do Centro Cultural São Paulo. Foi aí que rolou mais um baque: com a pandemia de Covid-19, o centro cultural fechou as portas. Mas Raphael é bicho solto e, em outubro, voltou aos experimentos em serigrafia. Há poucos dias, lançou uma edição limitada em serigrafias, que estão a venda em sua loja online (acesse e compre pelo link).
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INSPIRAÇÕES ARTÍSTICAS
Entre as principais referências de Raphael está Viviam Maier, fotografa que registrou o cotidiano das ruas de Nova York e trabalhou a vida inteira como babá. As obras de Vivian só se tornaram conhecidas após a sua morte, em 2009. Outra mente inquieta que inspira do jovem artista paulistano é Roger Ballen, fotógrafo americano que atua na África do Sul desde a década de 1970, com obras que retratam pessoas em suas jornadas psicológicas e existenciais. Em 2012, Roger dirigiu o clipe “I Fink U Freeky”, do grupo musical Die Antwoord (veja abaixo). A obra audiovisual revela toda a estética do fotógrafo – batizada de Ballenesque – recheada de grafitis crus e multiplicidade de corpos, que impactou uma nova geração de fãs de música eletrônica.
E música é uma das fontes de inspiração de Raphael, que passa horas do dia pesquisando artistas e faixas dos quatro cantos do mundo. Ultimamente, ele tem ouvido músicos japoneses que tocam Koto, como Kimio Eto, e rap brasileiro, presente em sua vida desde a infância. Raphael também tem se debruçado em pesquisas de música tradicional da Anatólia, região que hoje compreende a maior parte da Turquia e que integrou diversos impérios, como o Persa e o Otomano. Para quem quer conhecer um pouquinho de sons híbridos de músicas tradicionais e eletrônicas contemporâneas, a Emerge recomenda ouvir sets do coletivo Oceanvs Orientalis, fundado pelo DJ turco Safak Oz Kutle.
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IMAGENS: Raphael Borges
