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Álbum visual de Beyoncé enaltece orgulho negro

04/08/2020

Lançado na última sexta-feira (31/07), Dia da Mulher Negra, Black is King reúne artistas para contar história repleta de ancestralidade, realeza e afrofuturismo

Lançado na última sexta-feira (31/07), Dia da Mulher Negra, Black is King reúne artistas para contar história repleta de ancestralidade, realeza e afrofuturismo

Beyoncé, cantora, atriz, dançarina, diretora – ou dona no mundo, se preferir –, lançou recentemente o álbum visual Black Is King na plataforma de streaming Disney+, ainda não disponível no Brasil. Mas nem a dificuldade de acessibilidade impediu que milhares de fãs brasileiros e em todo mundo fossem a loucura com a novidade.

Logo aos três minutos de filme, Bey já chega mostrando o orgulho negro, mensagem central do lançamento, com a frase “que preto seja sinônimo de glória”. A partir daí, somos teletransportados para África para acompanhar a história de um menino à procura de sua coroa. A jornada é cantada e narrada por jovens artistas negros e marcada pelas músicas do álbum “The Lion King: The Gift”, inspiradas no filme “O Rei Leão”, que, em sua versão de 2019, ganhou a voz de Beyoncé interpretando a personagem Nala. Em um post no Instagram, Beyoncé comentou:

“Com este álbum visual, eu queria apresentar elementos da história negra e da tradição africana, com um toque moderno e uma mensagem universal, e o que realmente significa encontrar sua autoidentidade e construir um legado”

TRAILER DO ÁLBUM VISUAL BLACK IS KING. FILME AINDA NÃO FOI LANÇADO NO BRASIL

O filme possui vários capítulos, cada um representando diferentes localidades, como África do Sul, Nigéria e Gana. A riqueza de Black Is King fica ainda maior com as participações de artistas do continente africano em diversas canções, como Tiwa Savage, Wizkid, Mr Eazi, Busiswa, Salatiel, Yemi Alade, Moonchild Sanelly, entre outros.

A diversidade negra e o poder coletivo também estão representados na equipe de produção. Assim como “Lemonade”, “Black Is King” conta com uma longa lista de diretores, cada um responsável por um clipe. Há participação de Emmanuel Adjei (do filme “Shahmaran”), Blitz Bazawule (“The Burial of Kojo”), Pierre Debusschere (dos clipes “Mine” e “Ghost”, de Beyoncé), Jenn Nkiru (“Black to Techno”), Ibra Ake (diretor criativo e produtor de “This Is America” para Childish Gambino), Dikayl Rimmasch (“Cachao”, “Uno Mas”), Jake Nava (“Crazy in Love”, “Single Ladies”, “Partition”, de Beyoncé) e o co-diretor e colaborador de longa data da cantora Kwasi Fordjour.

É notável como cada segundo foi tratado como único – cenário, coreografia e figurino são de encher os olhos. E falando dos trajes (repletos de misturas de estampas), quem assina a direção de figurino é Zerina Akers. Ela selecionou grandes e pequenas marcas para compor todo o enredo visual e também faz a curadoria de diversos produtos criados por pessoas negras no perfil de Instagram Black Owned Everything.

Por sua vez, o cenário mostra uma África contemporânea construída sobre muitas referências ancestrais, com ritos e crenças religiosas do povo negro, ao mesmo tempo que marca um contraponto a imagem tribal – num lance bem afrofuturista. Além das lindas paisagens de beleza natural, há palácios coloniais decorados com artigos de designers africanos e releituras de quadros renascentistas protagonizados por negros.

Quem viveu sabe que o mergulho profundo de Beyoncé em suas raízes começou na obra-prima Lemonade – com Formation como faixa principal, com uma mensagem antirracista poderosa e muito discutida anos depois do lançamento. Contudo, os acontecimentos racistas de 2020, destacados pela mídia do Brasil e do mundo, evidenciaram ainda mais a importância de se continuar falando sobre negritude, ancestralidade e a história do povo preto de forma positiva, tendo como protagonistas quem sente os prazeres e as dores na pele: pessoas pretas.

No decorrer do filme, a seguinte frase é entoada:

“Se eu não posso falar de mim, eu não posso pensar sobre mim. E se eu não posso pensar sobre mim, eu não consigo ser eu mesmo. E se eu não for eu mesmo, eu nunca me conhecerei”

Poderoso, né? E não para por aí, na sequência outras potências negras vão surgindo em formas de histórias, palavras e canções. Particularmente, tenho um afeto e paixão na faixa “Brown Skin Girl” desde seu lançamento em 2019. Ela glorifica e enaltece meninas negras justamente pela cor de sua pele:

“Menina negra, sua pele é como pérolas
Com suas costas contra o mundo
Eu nunca trocaria você por mais ninguém”

CENA DE BLACK IS KING: “O SOL E A LUA SE CURVAM PARA VOCÊS. VOCÊS SÃO A CHAVE DO REINO”

E, para quebrar tudo, além da participação mais fofa do mundo da filha Blue Ivy, nessa faixa também aparecem a mãe da cantora Tina Knowles, a amiga Kelly Rowland, a atriz Lupita Nyongo e a modelo Naomi Campbell. Todas são citadas na letra da música. E, sim, quando ela canta “porque você é linda” olhando no rosto da Kelly, eu me arrepiei todinha. Mais um, dentre outros sentidos que o filme aguçou em mim.

O fato é que eu, provavelmente, falarei sobre Black Is King em todas as oportunidades que tiver, sobre diversos ângulos, com diversas pessoas. Porque esse é exatamente o objetivo da mensagem: fazer com que seja ouvida por todos e contada por quem deve ser contada.

Ao final do vídeo, a artista destaca que toda essa obra de arte foi dedicada ao seu pequeno filho Sir Carter, mas também a todos nossos filhos e filhas. “O sol e a lua se curvam para vocês”, diz a rainha. “Vocês são a chave do reino”.

Ainda em seu post do Instagram, Beyoncé afirmou “só espero que, ao assistir, você se sinta inspirade a continuar construindo um legado que afeta o mundo de uma maneira incomensurável. Oro para que todes vejam a beleza e a resiliência de nosso povo. Esta é uma história de como os MAIS MACHUCADOS têm presentes EXTRAORDINÁRIOS.”

Ok, Beyoncé. Objetivo alçando. Obrigade!

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