No Dia Internacional da Síndrome de Down (21 de março), a Emerge Mag te pergunta: quantas pessoas com deficiência (PCD) estão no seu grupo de amigues? Você já se relacionou com ume PCD? E no seu trabalho, para além do que é obrigatório por lei, existe ume PCD em cargo de liderança? Quantas influencers PCD você segue nas redes sociais? A sua cidade é acolhedora para PCD?
Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há hoje 18,6 milhões de PCD no país, o que corresponde a 8,9% da população. Então por que, para a maioria das pessoas, as respostas para essas perguntas são negativas?
Apesar de representarem uma parcela significativa de brasileiros e brasileiras, essa comunidade ainda disputa espaço, visibilidade e questões básicas que garantem uma vida com dignidade. O capacitismo (a discriminação de pessoas com deficiência) velado ou explícito está enraizado na sociedade de tal forma que já virou a norma.
E não é preciso muito para começar a enfrentar a corponormativadade que exclui e marginaliza PCD. Experimente, por exemplo, incluir pessoas com deficiência na sua rotina e escutar o que elas têm a dizer.
Por isso, a Emerge Mag separou uma lista de seis influencers PCD para acompanhar nas redes sociais. Entre a militância e a defesa da causa, elus expressam como são suas vidas, dificuldades, alegrias e conquistas.
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AMANDA SOARES (@PCDPERIGOSA)
Conhecida também pela alcunha de PCD Perigosa, Amanda Soares, além de influenciadora, é uma escritora, multiartista e pesquisadora da literatura PCD. Com alegria e energia contagiantes, Amanda narra em suas redes desde conquistas acadêmicas a coisas do cotidiano, como rolês com amigues e fofocas de dates.
Amanda é formada em Letras na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atua na área da literatura, cultura e corpo e suas interações no tema da deficiência e do amor. Em seu trabalho, analisa o impacto das percepções de identidade e valorização sobre pessoas com deficiência na literatura.
Além disso, é produtora de conteúdo e compartilha memes, críticas e reflexões sob o ponto de vista de uma pessoa PCD. Amanda também dá palestras sobre o direito à intelectualidade e opinião de pessoas com deficiência.
PAULA PFEIFER (@CRONICASDASURDEZ)
Surda com dois ouvidos biônicos, Paula Pfeifer é autora, palestrante e criadora do blog Crônicas da Surdez, um portal sobre deficiência auditiva que desmistifica a experiência surda a partir de textos, cursos, vídeos, artigos e curadorias. Esse trabalho rendeu um livro homônimo na mesma temática, que aborda como essas pessoas podem levar uma vida saudável e feliz, incluindo depoimentos pessoais.
Paula também criou o movimento Surdos que Ouvem, um grupo que conecta e acolhe pessoas surdas, educando-as sobre seus direitos e promovendo a reabilitação auditiva para uma melhor qualidade de vida. A comunidade luta contra a invisibilidade das pessoas que usam próteses auditivas.
JESSYCA OLIVEIRA (@JESSYBORG.OFICIAL)
Aos 17 anos, Jessyca foi diagnosticada com meningite bacteriana e, após mais de um ano no hospital, teve de amputar os dois braços e as duas pernas, perdeu a audição e teve 80% da sua pele necrosada. Hoje, Jessyca é palestrante e nadadora paralímpica, já publicou um livro e se prepara para representar o Brasil nas Paralimpíadas de 2024, em Paris.
Logo após ter recebido alta no hospital em julho de 2016, ela assistiu pela primeira vez aos jogos olímpicos e ficou encantada com a natação, germinando um sonho de ser uma atleta. Em 2019, ela entrou para equipe paralímpica do Vasco da Gama. Jessyca treinava diariamente nas piscinas do clube, mesmo em dias de chuva.
Em 2020, se formou como palestrante e lançou seu livro Desista de Desistir, contando sua trajetória e a reinvenção da vida após a meningite, com a decisão de se permitir ser feliz. A atleta também faz campanhas de conscientização sobre a meningite, tratando de temas como prevenção e tratamento da doença.
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CACAI BAUER (@CACAIBAUER)
Modelo, atriz, embaixadora e criadora de conteúdo, Cacai Bauer foi a primeira influencer com síndrome de Down no mundo. Em 2016, despontou ao fazer vídeos de humor e do seu cotidiano, além de posts sobre moda.
Em suas redes, entre outras questões, Cacai denuncia a infantilização de pessoas com Síndrome de Down, que as coloca como incapazes ou assexuadas. Ela também faz posts contra o capacitismo, seja discriminatório ou recreativo, e mostra como pessoas com deficiência, sobretudo Síndrome de Down, podem viver vidas normais.
Cacai produz conteúdo pelo Youtube, Instagram e Tiktok, somando mais de um milhão de seguidores nas redes sociais. Recentemente, conseguiu seu DRT, cartão de registro profissionalizante como atriz.
EDUARDO VICTOR (@OEDUARDOVICTOR)
Nascido com paralisia cerebral, Dudu é uma PCD, LGBTQI+, criador de conteúdo, DJ e apresentador. Ele é morador da Cidade de Deus, comunidade periférica do Rio de Janeiro (RJ) e, além de mostrar como ainda falta acessibilidade na quebrada, narra como é a vivência LGBTQIA+ e periférica sendo uma pessoa com deficiência, além de compartilhar seu cotidiano e lookinhos drag.
Na sua leitura, a estrutura capacitista coloca PCD apenas como exemplos de superação, o que apesar de parecer positivo, nada mais é do que a desumanização de suas existências.
LORENA ELTZ (@LORENAELTZZ)
No início da sua trajetória como influencer, Lorena produzia conteúdo apenas nos tópicos beleza e maquiagem. Ela continua na temática, mas adicionou um novo elemento nas produções: os relatos de uma pessoa com a Doença Crohn.
Em seus posts, ela explica como é a vida de uma pessoa ostomizada (intervenção cirúrgica que cria um meio alternativo para saída de fezes ou urina) e como isso não a impede de aproveitar a vida. Lorena iniciou o movimento #FelizcomCrohn, convidando outras pessoas com a doença a compartilharem suas experiências.
#FICADICA: Além de influencers PCD, filmes como O Som do Silêncio, de Darius Marder, disponível na Prime Vídeo, e séries como Atypical, de Robia Rashid, disponível na Netflix podem ajudar a compreender melhor sobre o tema PCD.
Edição: Teresa Cristina