O Dia dos Povos Indígenas celebra os saberes e contribuições dos povos originários na cultura brasileira. É também é uma data para reafirmar o combate frente às discriminações, preconceitos e violências. Criada originalmente em 1943, então como “Dia do Índio”, a celebração foi rebatizada em 2022 para exaltar a ancestralidade e luta dos indígenas, desde a colonização até desafios atuais, como o Marco Temporal.
Neste 19 de Abril, celebremos a resistência e a diversidade cultural com o lançamento de três longas metragens que retratam os povos originários brasileiros. Com perspectivas diferentes, os filmes buscam construir imagens que fogem ao senso comum dos documentários clássicos sobre o tema, que contribuíram na exotificação e reforço de estereótipos. Há tentativas de apresentar modos de viver e pensar de povos originários com respeito e proximidade, exaltando suas singularidades.
Porém, há um ponto de atenção. As obras ainda falham em não ter indígenas em posições de destaque na ficha técnica. Os três filmes são dirigidos por pessoas brancas. A meia salvaguarda acontece apenas em A Flor de Buriti, que tem participação de Ilda Patpro Krahô na direção de arte e roteiro, além do elenco.
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O ESTRANHO
Sinopse: Em um território indígena funciona o Aeroporto Internacional de Guarulhos. Centenas de milhares de passageiros o atravessam diariamente e 35.000 trabalhadores apoiam sua operação. Alê é uma funcionária de pista cuja história familiar foi sobreposta pela construção do aeroporto. Suas memórias e o futuro dela e de seus companheiros estão permeados por uma questão comum: rastros de um passado em um território em constante transformação.
Porque assistir: traz a história do aeroporto de Guarulhos, que se entrelaça com a de seus trabalhadores, para evocar a ancestralidade do território e dos sujeitos que o ocupam.
Lançamento: 20 de junho.
A FLOR DO BURITI
Sinopse: Em 1940, duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia. Era o prenúncio de um brutal massacre, perpetrado pelos fazendeiros da região. Em 1969, os filhos dos sobreviventes são coagidos a integrar uma unidade militar, durante a ditadura brasileira. Hoje, diante de velhas e novas ameaças, os Krahô continuam a caminhar sobre a sua terra sangrada, reinventando a cada dia infinitas formas de resistência.
Porque assistir: é uma ficção de uma história “real” da comunidade Krahô, situada no Tocantins. Tem indígenas como atores.
Lançamento: 4 de julho.
A INVENÇÃO DO OUTRO
Sinopse: Em 2019, a Funai realiza a maior expedição das últimas décadas na Amazônia para tentar encontrar e estabelecer o primeiro contato com um grupo de indígenas isolados da etnia Korubos e em estado de vulnerabilidade. Há ainda a tentativa de promover um delicado reencontro com parte da família já contactada poucos anos antes.
Porque assistir: aborda uma expedição real da Funai no Vale do Javari, no oeste do Amazonas, liderada pelo indigenista e servidor de carreira Bruno Pereira, assinado junto com o jornalista britânico Dom Phillips em 2022.
Lançamento: Segundo semestre de 2024.
Os três filmes são da Embaúba Filmes, distribuidora especializada em cinema brasileiro. Fundada em 2018 e sediada em Belo Horizonte, tem como objetivo contribuir para a maior circulação de filmes autorais nacionais. Possui mais de 50 títulos em catálogo.
Foto de abertura: cena do filme A Invenção do Outro.