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Liderança feminina e produtos artesanais na moda da Ludan Franjas

07/11/2022

A Ludan Franjas é uma pequena indústria de aviamentos que aumentou as vendas com linhas de produtos feitos à mão.

Última reportagem da série Emerge Potências da Moda apresenta a Ludan Franjas, pequena indústria de aviamentos que aumentou as vendas com linhas de produtos feitos à mão.

CONTEÚDO DE MARCA/EMERGE ESTÚDIO

Quando criança, o passatempo favorito de Carolina Santorelli, 31 anos, era ir ao trabalho do seu pai, Luiz, e do seu avô, carinhosamente conhecido como Seu Gê, observar os fios, as máquinas e os trabalhos manuais desenvolvidos na confecção da família, na zona leste de São Paulo. A vivência da infância fez com que Carolina desenvolvesse criatividade voltada a moda. Mais de duas décadas depois, ela é a mulher à frente da Ludan Franjas, pequena indústria e distribuidora de franjas, galões, pingentes, cordas e outros itens de passamanaria.

A Ludan Franjas atende estilistas e negócios de moda de diversos tamanhos, desde pequeno porte até grandes confecções. Nos últimos anos, a empresa criou linhas de bolsas, pingentes e cintos artesanais – este último, o carro-chefe da unidade de produtos feitos à mão. Carol explica:

“A marca de produtos artesanais foi uma volta às origens da Ludan. Os itens são feitos manualmente e parte da matéria-prima são reaproveitamentos da unidade industrial”

CAROLINA SANTORELLI, ESTILISTA

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Além da prática de sustentabilidade ambiental, a Ludan costuma contratar profissionais com pouca experiência, que recebem treinamentos no ofício de fiação. A maior parte das funcionárias são moradoras de uma comunidade vizinha a empresa. Hoje, 70% do time da Ludan Franjas é composto por mulheres.

O compromisso com moda consciente tem ajudado a Ludan Franjas a conquistar bons clientes. É o caso da Água de Coco, uma das principais marcas de moda praia brasileira, presente em mais de 600 pontos de venda e com exportação para 25 países.

Também são clientes as marcas Carol Bassi, estreante no São Paulo Fashion Week (SPFW), e Grupo Restoque, controladora das marcas Bo.Bô, Rosa Chá e Le Lis. A Ludan também apoio os desfiles das marcas Leonardo Alexei e Heloisa Faria na Casa de Criadores. Outra parceria de peso foi com Alexandre Hercovitch, em que a Ludan apoio o desfile na SPFW da À La Garçonne, uma das marcas do estilista.

Em maio, a Ludan patrocinou o desfile da Sau Swim, marca de moda praia da estilista de slow fashion Marina Bitu, no Dragão Fashion Brasil 2022. Realizado em Fortaleza, Ceará, o festival é um dos maiores encontros de moda autoral da América Latina. Um dos diferenciais do evento é a multidisciplinaridade. Em quatro dias, há desfiles, showroons, feira de negócios e atividades culturais.

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MULHERES NA INDÚSTRIA DA MODA

CAROLINA SANTORELLI, DA LUDAN FRANJAS: PROTAGONISMO FEMININO (Foto: Kalinca Maki)

As mulheres são a força motriz da indústria da moda. É não é de hoje. No final da Revolução Industrial, cerca de 77% dos funcionários das fábricas têxteis da Inglaterra eram mulheres brancas e crianças – as mãos de obra mais baratas e abundantes na época.

Já em São Paulo, no final do século 19, a participação das mulheres era de 62%. Inclusive, as trabalhadoras paulistas foram protagonistas da primeira grande greve nacional da indústria têxtil. Em 1917, elas se organizaram para exigir melhores condições de trabalho na fábrica Cotonifício Crespi, na Mooca, bairro da zona leste de São Paulo.

De acordo com o relatório Mulheres na Confecção: Estudo sobre gênero e condições de trabalho na Indústria da Moda, lançado mês passado, o Brasil possui a quinta maior indústria têxtil do mundo, e o setor da confecção é responsável por 16,7% dos empregos da indústria de transformação do país. A indústria paulistana detém 23,6% dos empregos do setor.

Como era de imaginar, as mulheres compõem a maior parte dessa força de trabalho. São mais de 39 mil trabalhadoras somente na Região Metropolitana de São Paulo. Ao mesmo tempo, o salário das mulheres é cerca de 12% menor que dos homens, além da dificuldade de elas alcançarem cargos de liderança nas empresas.

Seguindo a tendência nacional, a estrutura da rede produtiva de moda de São Paulo é composta por micro e pequenas empresas, incluindo oficinas e trabalho em domicílio. Por aqui, esses negócios são responsáveis por mais de 90% da produção. Carol finaliza:

“É urgente que as grandes empresas do setor e governos, via políticas públicas, valorizem o pequeno produtor local, ainda mais negócios criativos liderados por mulheres. Talento, motivação e beleza, a gente já tem!”

FOTOGRAFIAS: Rafael Felix e Kalinca Maki
BELEZA E MAQUIAGEM: Kali Beauty


Emerge Potências da Moda

Criação da Emerge Estúdio, unidade de pesquisa, conteúdo e inteligência de negócios da Emerge, Emerge Potências da Moda é uma profunda investigação de negócios emergentes de moda da cidade de São Paulo, com foco em lideranças de periferias, LGBTQIA+, negros, mulheres, indígenas urbanos e pessoas com deficiência. Além da série de reportagens, integram o projeto pesquisas quantitativa e qualitativa, debates interativos (lives) e relatório micro setorial de economia criativa.

Emerge Potências da Moda foi contemplado na chamada aberta RE-FARM CRIA, uma iniciativa do Instituto Precisa Ser + Farm. Por meio de patrocínio, o programa apoia o desenvolvimento de projetos e ações de coletivos, organizações sem fins lucrativos e pessoas físicas em capitais do Brasil e territórios periféricos do Rio de Janeiro.

O projeto conta com apoio da indústria de aviamentos Ludan Franjas, da produtora de vídeos e fotografias In.Par e du maquiadore Kali Beauty.

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