Um lugar para conhecer os povos nativos brasileiros e outras histórias do Brasil. Este é o Museu das Culturas Indígenas (MCI) de São Paulo, no bairro da Água Branca, zona oeste da cidade, a poucos metros do parque que leva o nome do bairro paulistano. O aparelho cultural promove o protagonismo da cultura indígena e apresenta um novo conceito de museu para os visitantes, com exposições temporárias dentro e fora do museu.
Aberto de terça a domingo, da 9h às 18h (os ingressos podem ser adquiridos no Sympla) o passeio nas dependências do museu iniciasse pelo último andar do prédio 451 da rua Dona Germaine Burchard.
Trata-se de uma sala grande, localizada no sétimo andar, que é usada para encontros e reuniões, mas que também abriga uma mostra de instrumentos musicais indígenas – chocalhos, pandeiros e pau de chuva -, artesanato, redes e livros sobre os povos indígenas.
Um dos livros é “A queda do céu: palavra de um xamã Yanomani”, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. A obra apresenta a história e a visão do xamã, organizadas pelo antropólogo francês. Além da luta pela sobrevivência dos povos indígenas diante da falta de respeito, direitos e da violência que sofrem com a invasão de garimpeiros as terras yanomani.
Outros livros também ficam à disposição para serem livros no local, como um dicionário de tupi antigo, além de livros infantis.
O MCI ainda não tem prontos todos os ambientes, que incluem uma lojinha, um auditório e um centro de pesquisa e referência. Também não há um andar com uma exposição permanente que contextualize e conte mais sobre a história dos povos que habitam São Paulo — o que está nos planos.
Mas o museu já mostra para o que veio. Ali, entendesse o diálogo intercultural que o MCI deseja propor entre povos indígenas e não-indígenas, onde a memória da ancestralidade permite aos diversos povos originários compartilharem suas mensagens, ideias, saberes, conhecimentos, filosofias, músicas, artes e histórias.
Veja a seguir as exposições em cartaz.
YGAPÓ: TERRA FIRME
Inaugurado em 29 de junho de 2022, o Museu das Culturas Indígenas é também um lugar de passagem. A instituição apresenta exposições temporárias que retratam as culturas indígenas e os problemas da contemporaneidade.
A exposição “Ygapó: Terra Firme”, de Denilson Baniwa, no quinto e sexto andares, por exemplo, é um convite à harmonia.
Num primeiro momento, os visitantes são inseridos dentro de uma floresta – há o cheiro de barro, vindo das paredes revestida com o material orgânico, o barulho das folhas, que estão secas e espalhadas pelo chão, e um tronco de uma árvore derrubada no centro da sala – e apresentados em projeções às produções musicais indígenas, como as realizadas pelo grupo de rap Oz Guarani.
Além de apresentar a música indígena contemporânea, a exposição faz alusão a devastação e destruição da natureza e o risco da cultura indígena ser apagada.
INVASÃO COLONIAL YVY OPATA – A TERRA VAI ACABAR
No terceiro e quarto andar outra crítica e alerta. A exposição de Xadalu Tupã Jekupé “Invasão colonial Yvy Opata – A terra vai acabar”, denuncia o crescimento das cidades que em engolido terras de povos originários. Através da pintura, serigrafia, fotografia e outras técnicas, simbolizam o constante medo de invasão e a segregação social do povo Guarani no Rio Grande do Sul.
A obras são fortes. Numa delas há a representação de uma família indígena, da avó até o bebê, vestindo um colete à prova de balas com a inscrição “Guarani Mbya”, um subgrupo de guaranis da região sul e sudeste do Brasil. Em outra imagem, há uma cruz envolvida por um saco plástico preto e arame farpado sobre uma televisão que mostra cenas de indígenas violentados.
OCUPAÇÃO DECOLONIZA – SP TERRA INDÍGENA
Reservada para a área externa do Museu das Culturas Indígenas, a exposição “Ocupação Decoloniza – SP Terra Indígena” pretende desconstruir narrativas colonialistas sobre os povos originários. Em destaque, um mural com uma onça-mãe feita com grafismos guaranis, trazendo a mensagem sobre o papel feminino na defesa da vida. Artistas como Tamikuã Txihi e Rita Sales Hunikuin assinam esta exposição.
Assim como as demais, os temas dos murais são sobre a resistência e luta por direitos indígenas. Compreendesse que o objetivo é pela arte e manifestações culturais dar visibilidade a problemas que devemos lidar conscientemente. Sobretudo, pagando a dívida com os povos indígenas, ainda invadidos e atacados.
SERVIÇO
Museu das Culturas Indígenas
Funcionamento: De terça a domingo, das 9h às 18h; às quintas-feiras até às 20h; fechado às segundas-feiras (exceto feriados)
Ingressos: R$15,00 (inteiro) e R$7,50 (meia entrada); gratuito às quintas-feiras
Agendamentos: Sympla
Local: R. Dona Germaine Burchard, 451 – Água Branca, São Paulo/SP
Informações: (11) 3873-1541
Site: www.museudasculturasindigenas.org.br
FOTO DE ABERTURA: Maurício Burim/Divulgação
Emerge Mag – Futebol, trabalho e luta na Terra Indígena Jaraguá
Jovens Guaranis da menor demarcação indígena do país, localizada na periferia de São Paulo, contam suas vivências, sonhos e paixões.