Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

O direito ao trabalho no cinema brasileiro

11/11/2020

Realizado pelo instituto Nicho 54, evento online reúne mostra, painéis e laboratório de projetos com foco em equidade racial no audiovisual

Realizado pelo instituto Nicho 54, evento online reúne mostra, painéis e laboratório de projetos com foco em equidade racial no audiovisual

Com informações de Mariana John.

Até 15 de novembro, o Nicho 54, instituto que atua no desenvolvimento de carreira de profissionais negros no audiovisual, realiza a segunda edição do Nicho Novembro, com o tema “Audiovisual como direito ao trabalho”. O evento, que neste ano ganha versão virtual devido à pandemia do COVID-19, reúne mostra de filmes, laboratório de desenvolvimento de projetos de criadores negros e painéis com debates.

As atividades do evento são gratuitas e transmitidas pela plataforma Zoom e na página do Nicho 54 no Facebook. Os filmes da mostra serão exibidos no site Nicho Novembro em uma plataforma exclusiva desenvolvida em parceria com a empresa de cinema Quanta.

A escolha do tema da edição tem como base o aprofundamento em diferentes aspectos sobre como a cultura do audiovisual impacta profissionais negros e quais são os paradigmas que devem ser questionados rumo a um trabalho não-excludente. Para Raul Perez, cofundador do instituto Nicho 54, o setor audiovisual se apoia na ideia da “fábrica de sonhos”, definição que pode esconder relações de trabalho nebulosas, calcadas no deslumbramento e no discurso de meritocracia. Ele complementa:

Sendo uma atividade historicamente relegada às elites, o mercado de cinema brasileiro reproduz vícios de espaços construídos sem a participação das múltiplas perspectivas negras

LEIA TAMBÉM: O Nicho 54 fomenta a presença negra no cinema

EIXOS DE ATUAÇÃO

A programação inclui atividades que refletem os três eixos de atuação do instituto: formação, curadoria e mercado.

No eixo Formação, a grande novidade desta edição é o Lab Nicho 54, laboratório de desenvolvimento de projetos audiovisuais de criadores negros. As inscrições foram realizadas entre os meses de setembro e outubro com a participação de projetos de 10 estados brasileiros.

Os treze projetos selecionados, entre filmes e séries nos formatos ficção e documentário, passam por uma imersão durante o período do Nicho Novembro com mentores que abordaram aspectos criativos e executivos do projeto. Os escolhidos também participam de master class com profissionais experientes do setor. No dia 14/11, os projetos fazem a defesa oral para uma comissão avaliadora que vai conceder oito prêmios oferecidos pela rede de parceiros do Nicho 54: Globo Filmes, Projeto Paradiso, DOCSP, Roteiraria, Quanta, Aspas Audiovisual, Olivieri & Associados e Uno Filmes.

No eixo Mercado, painéis norteados pelo tema “Audiovisual como Direito ao Trabalho” reúnem profissionais, intelectuais e especialistas brasileiros e internacionais. As atividades do Nicho Novembro são inauguradas com a “Conversa com o Instituto”, na qual os cofundadores do Nicho 54 convidam os múltiplos agentes do audiovisual a uma interlocução sobre o tema do evento deste ano. Já houve discussões sobre os atravessamentos de raça e gênero por meio do painel “Mulheres e Mercado de Trabalho Audiovisual. Amanhã, 12/11, o painel “Direitos Autorais” convida a repensarmos a autonomia dos criadores negros e negras no que tange a negociações e autoria de seus projetos.

A agenda de discussões se encerra no dia 13/11, com o painel “Pessoa Preta, Sujeito do Mundo”, que conta com as contribuições da produtora Effie Brown (“Cara Gente Branca” & Gamechanger Films), do produtor Jorge Cohen (Geração 80) e do curador Themba Bhebhe (European Film Market da Berlinale – Diversity & Inclusion).

Para Fernanda Lombra, uma das fundadoras do NICHO 54 e que também atua como produtora executiva do instituto, as conversas são um incentivo à comunidade negra brasileira do audiovisual para pensar suas atuações para além das fronteiras do nosso país. “Nossos convidados se engajaram prontamente no compartilhamento de conhecimento, que é um valor caro para o nosso instituto”, diz ela.

No eixo Curadoria, a mostra de filmes exibe quatro longas-metragens e 12 curtas. Desses, oito inéditos em território nacional. São histórias oriundas do Brasil, Quênia, Estados Unidos, Angola, Ruanda e França. Durante a semana do evento, os filmes estreiam sempre às 19h e ficam disponíveis por 42 horas na plataforma www.nichonovembro.com.br.

“Os filmes do Nicho Novembro 2 levarão o público a viajar por diferentes territórios, subjetividades, predileções estéticas, temas e intenções”, diz o curador e programador Heitor Augusto, que também é um dos fundadores do NICHO 54.

Um dos destaques dessa edição são os programas de curtas, intitulados “Nós e os nossos” e “A cor do trabalho”, dedicados a filmes sobre jornadas individuais e familiares de personagens pretos bem como o lugar do trabalho para as populações negras. O curador afirma que o curta-metragem é um formato no qual as potências negras têm florescido.

“Por isso mesmo decidimos encerrar o Nicho Novembro com um filme desse formato, o afrofuturista Deusa Toda Poderosa (Black Lady Goddess), da criadora transmídia Chelsea Odufu”, diz Heitor.

Fomentando diálogos entre a diáspora e também com as criações do continente africano, a seleção de longas-metragens da mostra apresenta Por toda a noite (Through The Night, EUA, 2020), de Loira Limbal; Cavalo (Brasil, 2020), de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti; a ficção Ar condicionado (Angola, 2020), de Fradique; e o documentário Dorivando saravá, o preto que virou mar (Brasil, 2019), de Henrique Dantas.

MAPEAMENTO

Durante a abertura do Nicho Novembro, o Nicho 54 lança o Mapeamento de Profissionais Negros, uma convocatória aberta para todo o Brasil com o intuito de reunir informações quantitativas e qualitativas sobre a participação negra no mercado audiovisual.

As informações serão utilizadas como base para a formulação de políticas e programas do instituto Nicho 54, bem como em ações de sensibilização com agentes de mercado para a criação de oportunidades para profissionais negros. Os participantes terão disponíveis um portfólio online com informações sobre formação, experiência, área de atuação, área de interesse, entre outros dados profissionais para apresentar a possíveis contratantes.

A ação tem apoio do Instituto Ibirapitanga, que oferece suporte econômico e institucional a organizações que contribuem para o fortalecimento da equidade racial no país.

Todas as atividades do Nicho Novembro são gratuitas e abertas ao público. Mais informações na plataforma www.nichonovembro.com.br e pelas redes sociais do Nicho 54 (Facebook, Instagram e Linkedin).

SERVIÇO
Nicho Novembro – 2ª edição
De 9 a 15 de novembro
Pela plataforma www.nichonovembro.com.br

FOTOGRAFIA: Marcelo Nucci/Adesampa

Quem escreveu

Picture of Redação Emerge Mag

Redação Emerge Mag

Revista digital de cultura, direitos humanos e economia criativa interseccional e estúdio criativo de Diversidade, Equidade, Inclusão e Impacto Social.

Inscreva-se na nossa

newsletter

MATÉRIAS MAIS LIDAS

ÚLTIMAS MATÉRIAS

NEWSLETTER EMERGE MAG

Os principais conteúdos, debates e assuntos de cultura, direitos humanos e economia criativa interseccional no seu e-mail. Envio quinzenal, às quartas-feiras.