A ausência gritante de protagonistas gordas no cinema
Confira seleção de filmes com pessoas gordas protagonistas, que vivem suas jornadas sem que seus corpos sejam a grande questão da história.
Baile da DJ $ophia: feito por uma mina e para a quebrada
Organizado pela jovem de 21 anos Sophia Lima, o Baile da DJ $ophia, foca nas mulheres e na periferia e chega a sua segunda edição Um rolê acessível e feito para todes: essa é a proposta do Baile da DJ $ophia, que chegou a sua segunda edição na última sexta-feira (15) na cidade de São Paulo. A festa, que já recebeu nomes como MC Luanna, Tasha&Tracie e Souto MC, leva o nome da jovem de 21 anos Sophia Lima, que vem estourando na arte dos toca-discos no Brasil. Talento precoce, Sophia teve seu primeiro contato com o hip hop dentro da própria família, por meio do irmão, tia e tio, que escutavam rap. O interesse, porém, despertou realmente quando viu o show da cantora Flora Matos, em 2013. Foi aí que Sophia começou a frequentar shows em casas de cultura, que a instigaram a querer fazer parte do movimento do hip hop. “Entendi a importância de estar ali pelos nossos. O rap salva vidas”, diz em entrevista à Emerge Mag. Nos seis anos de trajetória na música, Sophia conquistou parcerias e realizações, e tocou ao lado de grandes artistas, como Jazzy Jeff no canal “Boiler Room”, o maior canal de DJs do mundo, de origem inglesa. Além das apresentações solo, Sophia é beatmaker e DJ de Karol Conká, Mc Soffia e Souto MC, e já apresentou seus sets autorais em grandes festivais de rap do Brasil, como Cena e Rep Festival. Em 2020, foi a única DJ do palco principal do Festival Cena 202K. Em fevereiro, a jovem organizou pela primeira vez um festival sozinha, e firmou ainda mais o seu nome na cena da discotecagem. Sucesso desde a primeira edição, o Baile da DJ $ophia foi a realização de um sonho da artista: uma cena feita por uma mina para a quebrada. Ela conta: “O Baile da DJ $ophia chega para quebrar barreiras por ser um evento de uma mina preta nova da cena do hip hop, e que ao mesmo tempo está no rap, mas se conectando à galera do trap funk. A nossa meta é que ele aconteça mensalmente, sempre trazendo atrações com as quais eu me identifico, assim como atrações do rap e do funk, que também geram identificação do público” Rolê acessível para a quebrada Uma crítica que vem ganhando força sobre os eventos de rap e funk no Brasil é, justamente, a falta de acessibilidade para a quebrada – seja em relação ao local ou ao preço. Enquanto artistas cantam letras cheias de denúncias sobre a realidade nas comunidades e os problemas sociais vividos pelo povo periférico e preto, no público há majoritariamente pessoas brancas e de classes sociais elevadas. Atualmente moradora do centro de São Paulo, Sophia passou boa parte da vida no Capão Redondo, onde morava com a avó. A trajetória forjou o entendimento sobre a necessidade de fazer um rolê de fácil acesso ao público geral, e não apenas para as pessoas que moram na região central da cidade. Além de aproximar o baile da periferia, a artista também fomenta a presença das “minas e as monas” para fortalecer a cena independente. Ela diz: “Quero sempre trazer novas MCs e DJs, artistas já consagrados e, principalmente, fortalecer a cena independente. Trazer os caras, as minas e as monas também. O rolê será feito por todes” Com mulheres na linha de frente, ela espera que a festa também amplie as vozes femininas dentro do rap e hip hop, muitas vezes ofuscadas pelo machismo enraizado na cultura brasileira. De acordo com edição 2020 do relatório Por Elas Que Fazem a Música, desenvolvido pela União Brasileira de Compositores, entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais no país, apenas dez são mulheres. Em 2019, elas receberam somente 9% do total distribuído em direitos autorais. Além disso, dos mais de 33 mil associados da UBC, apenas 15% são mulheres. “Há uma inovação crescente no cenário, com mais mulheres em line ups e festivais. Porém, é uma caminhada longa. Sinto que o Baile ajuda a quebrar barreiras devido ter protagonismo feminino, com mulheres na linha de frente, o que proporcionar uma experiência fluida e natural para o público”, diz Sophia. FOTOGRAFIA: Caio Versolato Reportagem produzida em parceria com Griot, assessoria de comunicação antirracista especializada em contar histórias de artistas, eventos, projetos culturais e criadores de conteúdo para a mídia e na internet.
Emerge encerra campanha de financiamento coletivo
Financiamento coletivo pontual captou R$ 2.360 de 36 apoiadores. Valor foi gasto em despesas contábeis do primeiro trimestre de 2022.
Transversais subverte censura e estreia nos cinemas
Filme TRANSVERSAIS, censurado pelo governo Bolsonaro, será exibido nos cinemas a partir de 17 de fevereiro e traz depoimentos de quatro pessoas trans, além da mãe de uma adolescente TRANSVERSAIS, o primeiro longa do jornalista e cineasta Émerson Maranhão, subverte a tentativa de censura do governo Jair Bolsonaro e será exibido nos cinemas a partir do dia 17 de fevereiro. Inicialmente, havia sido anunciado que o filme seria “abortado” do edital da Ancine em que era finalista, por “não ter cabimento uma produção com este tema”. Produzido por Allan Deberton (“Pacarrete”), o documentário apresenta os depoimentos de quatro pessoas trans que resgatam suas histórias, seus processos de autodescoberta e de trânsitos e jornadas, além do relato de uma mulher cisgênera, mãe de uma adolescente trans. O longa fez parte da seção Programa Queer.doc do 29º Festival Mix Brasil, e também esteve em outros eventos brasileiros, como a 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e o Cine Ceará. Os protagonistas da produção são Samilla Marques, uma funcionária pública; Érikah Alcântara, uma professora; Caio José, um enfermeiro; e o acadêmico Kaio Lemos. Elus passaram por um delicado processo de auto aceitação até compreenderem a sua subjetividade. Já a jornalista Mara Beatriz, mulher cisgênero, enfrentou a transfobia de perto e refez sua vida ao tomar conhecimento que era mãe de uma adolescente transgênero. Hoje, é uma das mais ativas militantes do grupo Mães pela Diversidade no Ceará. Desconstrução e diálogo com a sociedade Kaio Lemos, que participa do longa, aponta os retrocessos que a população LGBTQIAP+ vem sofrendo desde 2018, quando o governo fascista de Bolsonaro chegou ao poder. “Nós estamos vivendo uma pandemia de Covid-19, mas também vivemos uma pandemia de discursos de ódio, de violência e de morte. É um cenário de pavor. E a população trans é uma das mais atacadas, numa violência legitimada por esse desgoverno atual”, afirma. Para ele, a importância de TRANSVERSAIS é a potência de desconstrução e de estabelecer um diálogo com a sociedade e, dessa forma, combater essa violência que não é só discursiva, mas também de ações. “Ao mostrar a nossa realidade, o filme se torna uma eficaz ferramenta de combate ao patriarcado, ao machismo e ao falocentrismo tão vigentes”, completa. Érikah Alcântara chama a atenção para a oportunidade de dar visibilidade a pessoas trans dentro de diversos contextos, para além da segregação social imposta, com que comumente são representades. Ela explica: O filme mostra que, diferentemente do que a sociedade costuma apontar, nós podemos ser o que quisermos, vivenciar rotinas familiares, rotinas de afeto, rotinas profissionais. Isso tudo de uma maneira muito natural. Já Samilla Marques Aires define TRANSVERSAIS como “um rompimento de paradigmas”. “É desconstruir padrões da nossa sociedade cisheteronormartiva, mostrando nossos corpos e nossas corpas de pessoas trans. Mais que um filme, TRANSVERSAIS para mim é um ato político no momento que a gente vive no País.” FOTOGRAFIA: Juno Braga e Linga Acacio Reportagem produzida com o apoio da Sinny Assessoria e Comunicação, especializada em cinema e cultura.
Festival Perifericu celebra cultura LGTQIA+ de quebrada em SP
Festival Perifericu acontece do dia 9 a 13 de fevereiro de forma presencial e online com shows, mostra de curtas-metragens, slam e rodas de conversa. Edição: Carolina Fortes Entre os dias 9 e 13 de fevereiro, as favelas da Zona Sul de São Paulo serão palco do Perifericu – Festival Internacional de Cinema e Cultura da Quebrada. Com intervenções itinerantes, como apresentações musicais, mostra de curtas-metragens e slam, o evento tem como objetivo valorizar as diversas manifestações e processos artísticos da população LGBTQIAP+ periférica. Rosa Caldeira, diretor e roteirista na produtora de audiovisual comunitário Maloka Filmes, que organiza o evento, lança o panorama: “Enquanto pessoas periféricas, trans, pretas e LGBs, estamos tentando mudar a estrutura de eventos de artes no Brasil: queremos transformar desde o topo, alterando as pessoas que tomam decisões, quem trabalha no evento, quais são as corporeidades, as artes e os pensamentos valorizados ou não.” Para o cineasta Well Amorim, um dos realizadores do festival, a ideia é dar protagonismo às corpas trans e negres dentro de um universo extremamente branco, hétero, cis e elitista e, por isso, pouco seguro e receptivo. “Criar um festival é também fazer com que existam espaços seguros para celebração da nossa arte, com os nossos, gente preta, TLGB+, maloqueires. Na quebrada, que é o nosso centro”, afirma. Nay Mendl, cineasta e um dos idealizadores do evento, diz que o desafio não é só o de produzir filmes nas maiores adversidades, mas também fomentar espaços para que as obras cheguem nas pessoas de quebrada. “Queremos que elas tenham um espaço para debater e refletir sobre arte e que as outras formas de cultura de quebrada consigam existir nos espaços cinematográficos”, explica. Confira a programação do Festival Perifericu Além de acontecer de forma presencial, o evento também será transmitido online por meio da plataforma Todesplay, que irá veicular os filmes de 9 a 15 de fevereiro. Aqueles que optarem por ir até os locais devem apresentar a carteira de vacinação com as duas doses completas contra a Covid-19 e utilizar máscaras PFF2 ou N95. A programação contará com mesas de debates, sessão de curtas e uma minifesta de Ballroom. O show de encerramento ficará por conta de BadSista e das Irmãs de Pau, que também apresentarão os vencedores. SERVIÇO Festival Perifericu – Festival Internacional de Cinema e Cultura da Quebrada. Data: 9 a 13 de fevereiro Local: Associação Bloco do Beco, Espaço Reggae e Casa de Cultura M’Boi Mirim Confira a programação completa em: https://www.instagram.com/festivalperifericu/ FOTOGRAFIA: Griot Assessoria Reportagem produzida pela Griot, assessoria de comunicação antirracista especializada em contar histórias de artistas, eventos, projetos culturais e criadores de conteúdo para a mídia e na internet.
Travesti Biológica: Mavi Veloso exalta corpes trans em EP de estreia
Brasileira morando na Holanda, Mavi Veloso lança álbum visual Travesti Biológica e aborda as singularidades de viver entre duas culturas diferentes.
Gravidez e afeto marcam vida e música de Indy Naíse
antora Indy Naíse fala sobre o lançamento do EP visual Esse é Sobre Você e o desafio de ser uma mulher grávida no mundo da música.
Por que Sex Education incomoda o conservadorismo?
Série da Netflix destaca não binariedade, racismo e sexualidade, temas que ainda são escassos nas escolas brasileiras.
Gênero e sexualidade com a fotógrafa Camila Falcão
Com fotografias repletas de luz natural, Camila Falcão revela intimidade e beleza de corpos trans e não-binários
Elas fazem o baile delas: mulheres lésbicas no funk
Jovens cantoras de funk falam sobre os desafios e as safadezas de mulheres que amam mulheres no ritmo da periferia.