Com 30 anos de carreira, Juçara Marçal sai em turnê pelo Brasil para apresentar seu segundo álbum solo e lança clipe da música “Sem Cais”.
Racismo, negritude, feminino e ancestralidade surgem em versos contundentes no álbum de Juçara Marçal, “Delta Estácio Blues”. Aos 60 anos, a cantora carioca roda cidades do Brasil em uma turnê para divulgar o celebrado disco lançado em 30 de setembro de 2021.
Os shows, que começaram em maio em São José dos Campos (SP), continuam até o fim do mês de julho com uma apresentação final de tirar o fôlego: no Festival Chapada dos Veadeiros, no cartão postal do Estado de Goiás (veja programação completa no final da reportagem).
No álbum “Delta Estácio Blues”, Juçara Marçal traz parcerias de composição com Tulipa Ruiz, Siba, Rodrigo Campos, Maria Beraldo e Douglas Germano, além de participação de Catatau na faixa que assinam juntos. Ogi compôs o single “Crash”. O projeto ainda conta com uma releitura de “La femme à barbe”, de Brigitte Fontaine e Jacques Higelin.
A ideia do trabalho é abordar a música eletrônica fora dos clichês e gêneros já conhecidos, propondo novos cenários, investigações rítmicas e buscando um diálogo com o pop, sem deixar de lado a inquietude e a ligação estreita com a música brasileira.
Ouça “Delta Estácio Blues”, de Juçara Marçal: https://onerpm.link/DeltaEstacioBlues
Juçara Marçal: Três décadas de carreira, dois álbum solo e um novo clipe
Quem conhece a fundo a história de Juçara Marçal acha inusitado o fato de “Delta Estácio Blues” ser apenas o segundo álbum solo da cantora. Apesar do nome da artista ter começado a ganhar relevo na mídia tradicional somente em 2014, com o seu primeiro álbum, “Encarnado”, a carreira de Juçara na música começou há 30 anos, quando fundou e integrou o Vésper Vocal, grupo feminino criado em 1992 na capital paulista, que cantava músicas brasileiras sem acompanhamento instrumental.
Ela também integrou os grupos Metá Metá, A Barca e Ilu Obá De Min. Em 2015, lançou “Anganga”, álbum que fez ao lado do músico e experimentador carioca Cadu Tenório. Em 2017, inspirada no livro “O mito de Sísifo”, de Albert Camus, Juçara trouxe para o público “Sambas do Absurdo”, disco feito com Rodrigo Campos e Gui Amabis.
Desde 2018, a cantora realiza, ao lado de Kiko Dinucci e Thaís Nicodemo, o show “Brigitte Fontaine”, em que canta em francês o repertório da artista. Em fevereiro de 2019, Marçal resolveu experimentar novos ares artísticos e participou como atriz na peça “Gota d’água {Preta}”, montagem do clássico de Chico Buarque e Paulo Pontes, com elenco majoritariamente negro.
O mais recente lançamento da artista é o clipe “Sem Cais”, canção que faz parte do novo álbum. Estrelado por Juçara Marçal e Negro Leo (autor da canção), o projeto tem como tema uma cidade desolada e solitária. A cantora explica:
“Esse clipe utilizou dois filmes, um preto e branco super antigo usado no cinema soviético junto de um Kodak colorido. O clipe passeia pelas imagens dos dois vídeos e utiliza a cidade vazia para mostrar essas duas figuras – eu e o Leo – em uma cidade que parece meio devastada, perdida no tempo”
Segundo a diretora cearense Aline Belfort, que dirigiu, montou e fotografou o clipe, a ideia principal é mostrar como a nossa realidade pode ser distópica. “É criar um filme distópico, sem criar nada, apenas usando São Paulo como cenário, cidade deserta, personagem com vida própria dentro desse caos-passagem de Juçara Marçal e Negro Leo por essa terra arrasada”, afirma.
Assista ao clipe de “Sem Cais”, de Juçara Marçal
Confira programação completa da turnê de “Delta Estácio Blues”
Junho
- SESC Belenzinho (São Paulo – SP)
Julho
- 15 e 16 – SESC Bom Retiro (São Paulo – SP)
- 22 – Autêntica (Belo Horizonte – MG)
- 28 – SESC Sorocaba (Sorocaba – SP)
- 29 e 30 – Festival Chapada dos Veadeiros (GO)
FOTOGRAFIAS: Pablo Saborido e Aline Berlfort