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Terreiro de Mãe Alana é referência em clipe de Paulo Fraval

17/05/2022

Mulher sentada com um chocalho em uma cadeira de madeira e roupas de mãe de santo. Duas meninas ao lado com roupas brancas sentadas com rostos sérios. Na frente dela, a cabeça de um menino, também com o rosto sério

Cantor e compositor Paulo Fraval divulga o seu mais novo single-clipe, “Ilás de Oxalá”, que tem como referência o terreiro de Mãe Alana

Alana de Carvalho é uma mulher trans e quilombola que chegou aos 40 anos vivendo no Brasil, o país que mais mata pessoas trans e travestis – entre os que contabilizam os dados. Mesmo vivendo em uma comunidade cotidianamente bombardeada pelas brutalidades da desigualdade social, dedica boa parte da vida a buscar melhorias e oportunidades para quem está à sua volta.

Líder de um terreiro em Calabar, bairro periférico da cidade de Salvador (BA), Mãe Alana é uma referência no acolhimento de jovens LGBTQIA+ que se encontram em situação de abandono social. 

Para continuar este trabalho de amparo, foi lançada uma campanha de financiamento coletivo para a construção da Casa Dandara Amazí, que visa promover a dignidade e amparar pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, oferecendo moradia, alimentação, educação, formação, afeto, acolhimento e respeito.

Para marcar este lançamento, o cantor e compositor Paulo Fraval divulga o seu mais novo single-clipe, “Ilás de Oxalá”, que tem como referência o terreiro de Mãe Alana. Segundo o artista, a canção “fortalece a narrativa potente e poética de oração” e retrata “todas as potencialidades de Alana”, com quem tem uma forte amizade. 

Para a moradora do Calabar, “Ilás de Oxalá” é uma oportunidade de sensibilizar mais pessoas a doarem, divulgarem e ajudarem a concretizar o sonho de construção da Casa Dandara Amazí, que será um espaço de acolhimento e “preparação dos corpes trans para reentrada na sociedade”. Mãe Alana detalha:

“Será a abertura da primeira casa estadual de acolhimento para nossos corpos LGBTQIA+. Esse sonho não é só meu, mas de todos nós. Será uma casa de preparação para reentrada na sociedade, oferecendo cursos de empreendedorismo social, formação educacional, pedagógica e letramento”.

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ALANA DE CARVALHO (à esquerda): TERREIRO ESTÁ LOCALIZADO NO BAIRRO CALABAR, NA PERIFERIA DE SALVADOR (Foto: Divulgação)

Paralelo entre candomblé e resistência LGBTQIA+

Como muitos artistas independentes, Paulo Fraval, que é natural do Ceará, sofreu com a falta de políticas públicas e apoio financeiro para gravar suas músicas, sobretudo por ser um artista queer que aborda narrativas de resistência e afetividades LGBTQIA+ periféricas embebidas por uma estética candomblecista.

Segundo ele, foram dois anos idealizando essas imagens, sonhando, buscando, juntando dinheiro e planejando. “A execução deste trabalho aconteceu depois de uma longa travessia, mas Oxalá bateu o pé e nós conseguimos! Em um momento onde as pessoas sentem-se bastante confortáveis para expressar seus ódios e fobias, nós as convidamos para encontrar conforto no amor e no acolhimento”, pontua. 

O artista ressalta, ainda, que “Ilás de Oxalá” foi escrita por Almerson Cerqueira Passos, poeta baiano, gay, preto, do subúrbio, intelectual e grande estudioso do candomblé. Paralelo entre a religião e a resistência LGBTQIA+, a música tem forte presença da figura do Ilá que, para Fraval, é muito mais do que a voz e o modo de se identificar do Orixá quando está entre nós. 

“É a própria natureza falando, gritando, nos lembrando do que é Orixá: o espírito da natureza. Seguindo esta narrativa, Almerson traça um paralelo entre os nossos próprios gritos de residências que, assim como os orixás, também são diversos”, explica.

Assista ao clipe de “Ilás de Oxalá”:

IMAGENS: Divulgação

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