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Editoras independentes e revistas acadêmicas: literatura repaginada
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#Booktok movimenta mercado literário
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Casa de Criadores: a moda como reflexão e denúncia política
Além de uma semana de “ode” à moda brasileira, o encontro serviu como plataforma de reflexão e denúncia política.
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Democratização de acesso e acolhimento de artistas emergentes são temas centrais nas galerias de arte Lateral e Diáspora.
Informação e orgulho no fone de ouvido: podcasts de quebrada
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A nova onda de alisamento entre mulheres negras
Movimento do cabelo natural cresceu na última década, mas algumas mulheres estão desistindo de investir tempo e dinheiro para manter os cachos ou o crespo perfeitos
Futebol de várzea gera mercado de uniformes de times periféricos
#EmergeReposta: Texto de Paula Sant’Ana (texto) e Pedro Salvador (fotos). Edição: Thiago Borges. Arte: Rafael Cristiano . Originalmente publicado no Periferia em Movimento. O Água Santa, que veio do futebol amador para o profissional há pouco mais de uma década e chega a sua primeira final na elite, é a ponta de uma cena gigante em SP. Com camisetas inspiradas em grandes clubes, como Barcelona ou Corinthians, e elementos da própria quebrada, times de várzea catapultam negócios especializados nas periferias. A gente mostra os bastidores de uma dessas empresas! A final do Campeonato Paulista, cuja primeira partida é neste domingo (2/4), tem um estreante: o Água Santa, que vai disputar o título com o gigante Palmeiras. O clima é de revanche, afinal em 2016 o time da periferia de Diadema derrotou o alviverde por 4 a 1, rendendo memes e provocações na internet. Os feitos são grandiosos para um time que começou no futebol amador e se profissionalizou apenas em 2011. E esse sucesso da agremiação é a ponta mais visível do que rola nos campos de várzea. A cena antiga e numerosa nas quebradas paulistanas tem competições próprias e reúne times tradicionais como o Inajar de Souza (da Cachoeirinha, zona Norte) e o Vila Fundão (na zona Sul) a grupos mais recentes e ligados a pautas sociais, como o Perifeminas (em Parelheiros, Extremo Sul) ou o Meninos Bons de Bola, formado por homens trans. Isso extrapola a paixão pelo futebol. A várzea gera uma demanda de camisetas, calções, blusas, bonés e outros artigos esportivos personalizados, que traduzem histórias e identidades de cada quebrada – uma oportunidade para fazer negócios e gerar renda. “A GENTE NÃO TINHA O INVESTIMENTO QUE PRECISAVA NA ÉPOCA, E AS COISAS FORAM ACONTECENDO ASSIM. A GENTE FOI PEGANDO EMPRÉSTIMO, VENDENDO CARRO, BENS… AQUELES BENS PEQUENOS QUE TINHA PARA CONSEGUIR INVESTIR NO MAQUINÁRIO E CONSEGUIR FAZER O PRIMEIRO BONÉ” RAFAEL HEYN O designer de 36 anos é um dos fundadores da A Fábrica Cria, uma das principais fornecedoras de material esportivo para a várzea de São Paulo, ao lado de outras empresas, como a KSports e a Uniex, por exemplo. Até empreender, Rafael já foi motorista de táxi e produziu banners e flyers. Antes disso, formou identidade, jogou e presidiu times da quebrada, como o Panela Problema Futebol Clube, agremiação criada em 2002 no Jaraguá (zona Noroeste paulistana), onde cresceu. A vivência na várzea alimentou um sonho, rendeu conhecimento do que os times queriam e possibilitou contatos de potenciais clientes. Membro de uma família com experiência em costura, Rafael engatou a Cria quando encontrou um sócio. Fundada oficialmente em julho de 2020, em momento crítico da pandemia de covid-19, a Cria começou fazendo bonés personalizados para times locais. Logo, vieram camisetas, agasalhos, corta-ventos e uniformes completos. Hoje, a empresa tem uma fábrica própria na Vila São José (Extremo Sul de São Paulo) e 3 lojas na capital paulista. Além do Rafael, a empresa conta com mais 3mentes criativas que fazem todo o trampo rolar: Ed Faustino, cuidando de relacionamento e produção; Kleber Santos, à frente dos detalhes do bordado e também da produção; e Thiago Leal, na responsa da costura em geral. LEIA TAMBÉM: Jogue como uma mulher com as LeSisters – Emerge Mag CHAMA NO ZAP De camisas inspiradas em times como Barcelona, Corinthians e outros grandes do futebol a “mantos” com aquele toque original da várzea, são muitos os detalhes que compõem o trampo. “O cliente já chega falando o que ele quer. Se é um uniforme, uma camiseta, um boné. Essas informações geralmente são acompanhadas do logo do time, no nome, na região, no bairro, no mascote… Então, é esse conjunto, né? Isso já abre a mente dos nossos designers, que têm um conceito próprio do Cria”, detalha Rafael. A marca se tornou conhecida nos próprios campos e nos grupos de whatsapp, em que dirigentes acabam indicando contatos. A chamada via zap responde por 80% dos pedidos, que também são feitos a partir de buscas no Google, em páginas do Facebook ou Instagram. “VOCÊ CONSEGUE TER SEU TELEFONE ‘POLUÍDO’ (CONHECIDO) PELA VÁRZEA TE CHAMANDO: ‘QUERO UM DESENHO, QUERO UMA UMA ARTE, QUERO UM BONÉ” RAFAEL HEYN Em geral, a pessoa que deseja encomendar as peças entra em contato com os detalhes do que precisa e as principais ideias. Alguém representante da Cria responde e, se necessário, tira dúvidas para fechar o pedido – o mínimo é de 10 unidades. Depois de acordado, o pedido segue para o grupo de designers. Com a aprovação, o próximo passo é a confecção. Cada loja tem alguém como representante e o atendimento pode ser feito tanto remota quanto presencialmente. Por meio de uma sistematização para organizar os pedidos, assim que a solicitação é feita ela já chega direto na Cria e os processos começam a correr. Existe uma logística de entrega em cada loja, mas a fábrica também possui contrato que permite o envio para o Brasil inteiro. “Entramos em dezembro vendendo em um prazo de 5 dias. Hoje, nosso prazo é um dos melhores das confecções em São Paulo”, explica Rafael. Atualmente aposentado, Evaldo Santana, 52, é diretor e jogador do Grêmio Esportivo Castelo, time do Parque do Castelo (zona Sul paulistana). Há 10 anos, ele conhece Rafael – e logo tornou-se um cliente da Cria. “Sempre estão inovando, buscando sempre melhorar a qualidade e tem um relacionamento aberto com os clientes”, conta. As relações estabelecidas no futebol também contribuíram para conquistar a clientela do Coréia Zona Sul, time de várzea do Grajaú. O fundador do grupo conhece os sócios da Cria há bastante tempo, o que facilitou para fechar negócio. “O que acredito que me fidelizou foi o valor compatível com os concorrentes, o material deles é muito bom e por motivos de amizade do dono do time”, observa Renê Batista, 36, que trabalha com transporte e atua no Coréia. “Os modelos têm muitas variedades, onde você tem a possibilidade de fazer chaveiros, bonés, bandeiras, bolsas, agasalhos, dentre outros”, completa. Texto originalmente publicado no Periferia em Movimento. Marcas de quebrada
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Re-Farm Cria seleciona projetos de jovens profissionais da moda para incentivo financeiro de R$ 25 mil. Últimos dias para inscrição.