Dizer que a opinião de um funcionário não, necessariamente, reflete os valores da empresa é válido. Porém, o que fazer quando a maioria dos trabalhadores discordam do posicionamento da organização? É um problemão, ainda mais quando o assunto é responsabilidade socioambiental.
De acordo com o estudo “Acelarando a Transição Justa”, 74% dos entrevistados dizem que as afirmações de seus empregadores sobre responsabilidade social e ambiental é inconsistente com os comportamentos reais da empresa.
Desenvolvido pela consultoria estratégica GlobeScan e Ashoka, rede mundial de empreendedores sociais, o estudo aborda o papel das equipes de empresas na transição sustentável de valores frente a problemas como mudanças climáticas e desigualdade. Embora seja um tema mais voltado para líderes e investidores, o estudo mostra o impacto real dos funcionários para a aplicação dessas mudanças.
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Foram ouvidos 8.613 empregados de grandes empresas com fins lucrativos, em 31 países e territórios, incluindo o Brasil. Desses, 88% concordaram que a motivação pessoal e a lealdade com empresa aumentaram conforme a melhora no desempenho em responsabilidade social e ambiental.
Para Chris Coulter, CEO da GlobeScan, o maior risco das empresas que não se adequam a essas mudanças é a perda de talentos, atuais e futuros.
FACILITADORES E BARREIRAS PARA RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Vale destacar a visão positiva dos funcionários. O estudo revela que 82% dos entrevistados acreditam contribuir para soluções sociais e ambientais por meio de seu trabalho, com 39% concordando plenamente. O Brasil segue próximo da média global, de 83%. Contudo, a pesquisa mostra que há ainda percepção que o impacto é limitado, impedindo que empresas se comprometam totalmente com as mudanças.
Entre os principais facilitadores apontados estão uma cultura organizacional de apoio, que estimula a autonomia, valoriza novas ideias, promove trabalho em equipe e inovação, além de assegurar comunicação e transparência. Outro fator relevante é a forte colaboração interna e externa, envolvendo clientes, comunidades e fornecedores para gerar valor sustentável.
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Em contrapartida, as barreiras que impedem a percepção de impacto positivo incluem a visão de que a sustentabilidade é uma responsabilidade alheia ao escopo de trabalho dos funcionários ou algo relegado por falta de tempo. Outra barreira comum é a sensação de incapacidade para implementar novas ideias, devido ao excesso de hierarquia, falta de apoio gerencial ou ausência de autonomia para decisões.
Além disso, os empregados mencionam a baixa conscientização sobre questões socioambientais e as restrições financeiras como desafios significativos. Apesar das boas intenções das empresas em relação à sustentabilidade, é necessário investir na transformação da cultura organizacional e nos sistemas operacionais para maximizar o potencial de seus funcionários.
Sobre a questão dessas mudanças, Sarah Jefferson, diretora da iniciativa Changemaker Companies da Ashoka, comentou que há uma grande oportunidade para empresas agirem e se mobilizarem para aplicar essa transição sustentável.
FOTO: Free Pik