Funcionários veem como falsa a responsabilidade socioambiental dos empregadores

11/01/2025

Para ser efetiva, responsabilidade socioambiental requer autonomia, valorização de ideias, comunicação, trabalho em equipe e transparência.

Dizer que a opinião de um funcionário não, necessariamente, reflete os valores da empresa é válido. Porém, o que fazer quando a maioria dos trabalhadores discordam do posicionamento da organização? É um problemão, ainda mais quando o assunto é responsabilidade socioambiental.

De acordo com o estudo “Acelarando a Transição Justa”, 74% dos entrevistados dizem que as afirmações de seus empregadores sobre responsabilidade social e ambiental é inconsistente com os comportamentos reais da empresa.

Desenvolvido pela consultoria estratégica GlobeScan e Ashoka, rede mundial de empreendedores sociais, o estudo aborda o papel das equipes de empresas na transição sustentável de valores frente a problemas como mudanças climáticas e desigualdade. Embora seja um tema mais voltado para líderes e investidores, o estudo mostra o impacto real dos funcionários para a aplicação dessas mudanças.

LEIA MAIS: Conheça 7 lideranças LGBTQIA+ do mundo dos negócios

Foram ouvidos 8.613 empregados de grandes empresas com fins lucrativos, em 31 países e territórios, incluindo o Brasil. Desses, 88% concordaram que a motivação pessoal e a lealdade com empresa aumentaram conforme a melhora no desempenho em responsabilidade social e ambiental.

Para Chris Coulter, CEO da GlobeScan, o maior risco das empresas que não se adequam a essas mudanças é a perda de talentos, atuais e futuros.

“Os funcionários são mais leais e motivados quando veem sua empresa tomando medidas concretas para contribuir positivamente com a sociedade e o planeta.”

Chris Coulter, da GlobeScan.

FACILITADORES E BARREIRAS PARA RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Vale destacar a visão positiva dos funcionários. O estudo revela que 82% dos entrevistados acreditam contribuir para soluções sociais e ambientais por meio de seu trabalho, com 39% concordando plenamente. O Brasil segue próximo da média global, de 83%. Contudo, a pesquisa mostra que há ainda percepção que o impacto é limitado, impedindo que empresas se comprometam totalmente com as mudanças.

Entre os principais facilitadores apontados estão uma cultura organizacional de apoio, que estimula a autonomia, valoriza novas ideias, promove trabalho em equipe e inovação, além de assegurar comunicação e transparência. Outro fator relevante é a forte colaboração interna e externa, envolvendo clientes, comunidades e fornecedores para gerar valor sustentável. 

VEJA TAMBÉM: A representatividade nas telas e atrás das câmeras da Warner

Em contrapartida, as barreiras que impedem a percepção de impacto positivo incluem a visão de que a sustentabilidade é uma responsabilidade alheia ao escopo de trabalho dos funcionários ou algo relegado por falta de tempo. Outra barreira comum é a sensação de incapacidade para implementar novas ideias, devido ao excesso de hierarquia, falta de apoio gerencial ou ausência de autonomia para decisões. 

Além disso, os empregados mencionam a baixa conscientização sobre questões socioambientais e as restrições financeiras como desafios significativos. Apesar das boas intenções das empresas em relação à sustentabilidade, é necessário investir na transformação da cultura organizacional e nos sistemas operacionais para maximizar o potencial de seus funcionários.

Sobre a questão dessas mudanças, Sarah Jefferson, diretora da iniciativa Changemaker Companies da Ashoka, comentou que há uma grande oportunidade para empresas agirem e se mobilizarem para aplicar essa transição sustentável.

“Os funcionários desejam contribuir, mas precisam de um ambiente organizacional que potencialize suas iniciativas.”

Sarah Jefferson, da Ashoka.

FOTO: Free Pik

Quem escreveu

Picture of Guilherme Schanner

Guilherme Schanner

Graduado em jornalismo pela Universidade Mackenzie, gosta de escrever e falar sobre cultura e sustentabilidade. Apaixonado pela natureza, é líder escoteiro desde a infância. Com experiência em produção e edição de conteúdo digital, trabalhou no Fala! Universidades.

Inscreva-se na nossa

newsletter

MATÉRIAS MAIS LIDAS

ÚLTIMAS MATÉRIAS

NEWSLETTER EMERGE MAG

Os principais conteúdos, debates e assuntos de cultura, direitos humanos e economia criativa interseccional no seu e-mail. Envio quinzenal, às quartas-feiras.