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Rihanna e o manifesto de diversidade da Savage x Fenty

14/10/2020

Filme da marca de lingerie da cantora e empresária contou com pluralidade de corpos, danças, participações de artistas bafo e muito close

Filme da marca de lingerie da cantora e empresária contou com pluralidade de corpos, danças, participações de artistas bafo, como Lizzo e Travis Scott, e muito close.

As definições de beleza e coesão foram atualizadas com sucesso pelo Savage x Fenty Show da artista de Barbados que ganhou o mundo: Rihanna. O evento da marca da moda da cantora foi uma celebração do lançamento da linha de cosméticos Fenty Skin e da nova linha masculina da marca, já famosa pelas lingeries super sensuais. O show completo está disponível no serviço de streaming Amazon Prime Video (veja o trailer abaixo).

Com a obra audiovisual, a cantora, designer e empresária mostrou que a indústria da moda pode sim ser mais plural e inclusiva. A Savage x Fenty foi fundada em 2018 e fez seu primeiro show no ano seguinte. Com o projeto, Riri alcança uma audiência que vai além dos especialistas e entusiastas do setor justamente por conversar de maneira próxima e natural com público. Ela traz à tona uma verdadeira diversidade de corpos, vivências, etnias, orientações, expressões, danças, sons e talentos, fatores que são intrínsecos a marca. O que para algumas marcas ao redor do mundo é extremamente difícil (e até utópico), para a Rihanna estilista foi totalmente espontâneo. “Inclusão sempre foi algo natural para mim”, diz a rainha no filme. “Eu nunca tive que pensar sobre”.

O show de 2020 também é repleto de apresentações musicais maravilhosas de Travis Scott, Rosalía, Bad Bunny, Ella Mai, Miguel, Mustard e Roddy Ricch. Para deixar a gente ainda mais impactade, há participações especiais de Lizzo, Bella Hadid, Big Sean, Cara Delevingne, Christian Combs, Demi Moore, Irina Shayk, Laura Harrier, Normani, Paloma Elsesser, Paris Hilton, Rico Nasty e Willow Smith.

Levando em conta que ainda estamos num cenário de pandemia devido a covid-19, Rihanna fez questão de adaptar o formato do show para que todas as medidas de segurança e proteção de elenco fossem adotadas.

Se você não está ligade, esse desfile de moda não é nada parecido com os tradicionais desfiles de lingerie, como o Victoria’s Secret Fashion Show, da grife de moda que parou no tempo e ficou presa ao padrão de beleza e a transmissão televisiva – vale destacar que o show perdeu tanta audiência nos últimos anos que chegou a ter seu futuro colocado em xeque pelo mercado.

Aqui no Brasil, não podemos deixar de citar que houve um grande movimento do Laboratório Fantasma, um hub de entretenimento que mantém gravadora, editora, produtora de eventos e marca de streetwear, fundado pelos rappers e irmãos Emicida e Fióti. Em 2016, a marca realizou um desfile épico na São Paulo Fashion Week com um elenco plural e uma coleção que misturava influências orientais e africanas. Representatividade e diversidade já rolavam na marca desde a sua fundação, em 2009.

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O PODER DA SENSUALIDADE

Um dos pontos altos do filme é o convite a reflexão sobre sensualidade e sexualidade e o debate sobre o que é ser sexy. Ao causar rupturas no padrão de beleza eurocêntrico fomentado há décadas pela mídia, o show chama o telespectador a fazer a descoberta pessoal e gratificante sobre o que é se sentir belo e potente.

Riri destaca que a sensualidade é “algo que deve ser tomada ou conquistada, mas que pode ser perdida por experiências terríveis ou pela perda no nosso poder”. Ao ver a potência da diversidade de corpos, fica nítido o quanto a sensualidade é um aspecto natural do ser humano. A modelo plus size Paloma Elsesser, que participa com uma performance, afirma que a sexualidade é intrinsecamente poderosa e pessoal.

Ao longo do show, os artistas e dançarinos fazem coreografias super elaboradas, desfilam e cantam com uma sensualidade ABSURDA, mas também demonstram que estão super confortáveis com o que estão vestindo – aquele match perfeito.

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TÁ, MAS CADÊ O ÁLBUM NOVO?

É necessário admirar e respeitar o trabalho da Rihanna não só pelo talento criativo, inclusão e representatividade, mas também pela história que a levou ao topo. A cantora foi “descoberta” pela indústria da música ainda menina, aos 13 anos de idade, e logo foi contratada pelos famosos produtores Carl Sturken e Evan Rogers.

O que a fama, o talento e os hits um atrás do outro não mostram é que Riri estava presa a um contrato que a obrigava a gravar e lançar sete álbuns – o que ela fez em sete anos consecutivos até o lançamento de Unapologetic em 2012. Quatro anos depois e livre do contrato, ela voltou com o grande ANTI e não mais lançou nenhum álbum desde então.

A situação que aconteceu com Rihanna se repete com diversos artistas ao redor do mundo que, devido a produtores e contratos, ficam presos em “gaiolas de ouro”, conceito que a estudante de sociologia e semiótica Senhorita Bira explica em um vídeo no seu canal Algoritmo da Imagem, que apresenta análises semióticas sobre celebridades, políticos e empresas. Conhecer a história por trás do glamour da indústria da música nos faz concluir que artistas podem viver situações de extrema pressão para produzir e subir aos palcos e o quão prejudicial essa vida pode ser. O fato está ligado aos casos de abuso de drogas entre celebridades e, nos casos mais graves, aos de suicídios.

O lado positivo é que agora podemos ver Rihanna brilhar em outras esferas e plataformas, como disse o estilista Yusef Williams ao chamá-la de “Rihanna, a criadora”. E a gente só pode concordar. Ela pode não lançar mais álbuns, mas nunca ficará fora de moda.

RIHANNA E TODO O ELENCO DO FASHION FILME

IMAGENS: Divulgação

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