10 influenciadores indígenas para você se conectar
Curadoria apresenta influenciadores indígenas que trazem novas perspectivas de mundo para as redes sociais.
Re-Farm Cria: edital para quem inventa a moda brasileira
Re-Farm Cria seleciona projetos de jovens profissionais da moda para incentivo financeiro de R$ 25 mil. Últimos dias para inscrição.
Luta e resistência: o Museu das Culturas Indígenas
Instituição apresenta exposições temporárias retratando a cultura indígena e os problemas da contemporaneidade
Mina Cultural orienta mulheres a tecerem futuro nas artes têxteis
Iniciativa promove aulas de empreendedorismo e formação em produção têxtil para mulheres artesãs nos CEUs de São Paulo Por meio da linha e da agulha, a Mina Cultural orienta mulheres da periferia de São Paulo a tecerem futuro. O coletivo está com inscrições abertas e gratuitas para o curso Linha Mestra, cujo objetivo é capacitar 150 mulheres em produção têxtil, com foco na geração de renda, comércio ético e criação de mercados nas comunidades locais. Além das capacitações, o projeto tem planos para exposições públicas dos produtos criados pelas participantes e uma plataforma de vendas online para apoiar o empreendedorismo. O programa será realizado em cinco CEUs de São Paulo: CEU Parque Novo Mundo, CEU Alvarenga, CEU Perus, CEU Sapopemba e CEU Parelheiros (confira agenda do curso abaixo). As aulas incluirão cinco oficinas semanais de artesanato têxtil, com duração de três horas cada uma, e mais quatro oficinas semanais de preparação para o empreendedorismo, comércio ético e solidário, com três horas de duração cada. Os horários serão divulgados no site e redes sociais do projeto. As oficinas são gratuitas e todo material será fornecido pelo projeto. Na programação do curso, destaca-se o módulo “Costurando a Liberdade”, comandado por Vera Santana, especialista de gestão de projetos da USP, que desenvolve há mais de 20 anos projetos culturais de impacto social. “As mulheres serão estimuladas a refletir sobre assuntos de seu interesse e de seu grupo e a criar traduções artísticas de suas histórias em trabalhos autorais, ao mesmo tempo em que desenvolverão diretrizes empreendedoras e de comércio ético, para resultar em mais autonomia de vida e empoderamento”, diz Maysa Lepique, produtora da Mina Cultural. Criado pela Mina Cultural, o projeto Linha Mestra conta com a ajuda do Coletivo Teia de Aranha, responsável pelas oficinas de costura da iniciativa. A empresa está há 20 anos no mercado, criando projetos de bordados livres e inspirados na literatura brasileira. SERVIÇO: CEU Parque Novo Mundo (zona Norte) Av. Ernesto Augusto Lopes, 100 – Parque Vila Maria Tel. (11) 96893-1442. Inscrições na secretaria até 17 de abril Aulas às 2as feiras, das 9h às 12h, de 17 de abril a 03 de julho CEU Alvarenga (zona Sul) Estrada do Alvarenga, 3752 – Balneário São Francisco Tel. 11 – 5672-2500. Inscrições na secretaria até 17 de abril Aulas às 2as feiras, das 15h às 18h, de 17 de abril a 03 de julho CEU Perus (zona Norte) Rua Bernado José de Lorena, S/N – Vila Fanton Tel. (11) 3915-8730. Inscrições na secretaria até 12 de junho CEU Sapopemba (zona Leste) Rua Manuel Quirino De Mattos , S/N – Jardim Sapopemba Tel. (11) 20759100 – Inscrições na secretaria até 07 de agosto CEU Parelheiros (zona Sul) Rua José Pedro de Borba, 20 – Jardim Novo Parelheiros tel. (11) 5926-6900 – Inscrições na secretaria até 07 de agosto Horário das aulas das oficinas que acontecerão nos CEUs Perus, Sapopemba e Parelheiros serão divulgadas no site e nas redes sociais do projeto: www.linhamestra.minacultural.com.br Impacto socioambiental: a moda sustentável de mulheres negras – Emerge Mag Terceira reportagem de Emerge Potências da Moda apresenta marcas de moda sustentável. A Az Marias cria roupas com resíduos têxteis e a Da Lama desenvolve peças artesanais para mulheres de periferias.
Produções periféricas resgatam e ampliam tecnologias ancestrais e sustentáveis
Com documentários, editoriais e acervos digitais, iniciativas criam ações para difundir conhecimento de tecnologias ancestrais por meio do audiovisual.
Marcas de quebrada recriam camisetas do Brasil
Marcas da quebrada, Mile Lab, Corre e Andrart dão narrativa e estética periférica à camiseta do Brasil
O que é Economia Criativa?
Descubra as atividades econômicas originais e de valor cultural, das artes ao uso de tecnologias digitais, que fazem a economia criativa.
“Índios, negros e pobres”: como a arte ressignificou a bandeira do Brasil
#Emergereposta: Thaís Seganfredo originalmente publicado na Nonada Jornalismo Era 1970 e o Brasil vivia o período mais sombrio da ditadura militar quando Abdias Nascimento subverteu a bandeira do Brasil ao trocar o lema positivista “Ordem e Progresso” por “okê, okê, okê, okê”, saudação a Oxossi, o caçador, orixá das florestas, dos animais e do sustento. Antes dele, artistas como Alfredo Volpi e Antonio Henrique Amaral já haviam realizado experimentações com os símbolos nacionais, desconstruindo suas formas geométricas alinhadas (Bandeira Brasileira, Volpi, década de 1920) e a justapondo com o pavilhão estadunidense (Boa Vizinhança, Amaral, 1968). Corta para o século 21. Cinquenta anos depois, o Brasil revive uma onda conservadora que ecoa conceitualmente no militarismo e que se apropriou do verde e amarelo como expressão pseudo-patriota de um Brasil homogeneizante e pouco tolerante à diversidade que nos identifica enquanto nação. Há três anos, a obra de Abdias integrou a exposição Histórias afro-atlânticas, ocasião em que foi doada pelo Ipeafro e selecionada pelo curador Hélio Menezes, que há tempos pesquisa o assunto. Hoje, Okê Oxossi faz parte do acervo permanente do Masp. “Tive a sorte de encontrar essa tela do Abdias nas minhas pesquisas e poder expô-la. Nesse processo, venho me deparando com uma série de outros artistas que não só recentemente mas há mais tempo têm revisitado a bandeira de modo a revê-la”, conta. ARTISTAS RESSIGINIFICAM A BANDEIRA DO BRASIL É Hélio, inclusive, um dos curadores responsáveis, ao lado de Raquel Barreto, por inserir obras da arte contemporânea que recontam o Brasil na exposição Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros, em cartaz no Instituto Moreira Salles Paulista até janeiro de 2022. A mostra, que o Nonada visitou em outubro, tem como fio condutor os manuscritos da escritora, em especial o livro que ela originalmente nomeou como “Um Brasil para os brasileiros”, a partir de uma frase que Carolina atribui a Rui Barbosa. “Ela se apropria dessa frase de um sujeito homem branco de classes abastadas e vai também mudar o sentido do que seria esse Brasil e do que seriam esses brasileiros. Carolina conta uma outra história do país, faz uma reflexão social, analítica de um país inteiro a partir de uma linguagem literária poética. Os brasileiros de Carolina são os sujeitos rasurados da história. Essa releitura de país que Carolina conduz em seus trabalhos é trasladada [na exposição] nas artes visuais, que também vão fazer uma releitura do país e dos símbolos pátrios, a partir de uma outra versão, outra mirada”, explica o curador. Esse Brasil se constrói também na escolha da materialidade, através do uso de materiais menos nobres, como papelão e garrafas. “Há um processo por assim dizer, ‘carolineano’ de conversão de materiais que foram descartados no suporte de criações poéticas”, complementa. Na medida em que recontar o país é também rever os elementos oficiais que o representam, muitas obras presentes na mostra ressignificam a bandeira do Brasil. É o caso de Bandeira Nacional (2021), que Desali compôs a partir de 504 esponjas de cozinha usadas, sustentadas por 6 limpadores de chão. Jefferson Medeiros participa com duas versões da bandeira: Cobertor (2020) e Obra embargada (2020), composta por um entalhe em um tijolo simples de construção. Com algodão cru, linha e agulha, Thiago Costa segrega cada uma das formas geométricas que compõem a flâmula em Notas de falecimento (2018). Há ainda espaço para a já emblemática Bandeira Brasileira (2019) criada por Leandro Vieira para o desfile da Estação Primeira de Mangueira do mesmo ano. EXPOSIÇÃO CAROLINA MARIA DE JESUS CONTRAPONTO À ESTÉTICA BOLSONARISTA Se atualmente nosso pavilhão foi apropriado por uma elite conservadora (ou reacionária), há raízes profundas nesse processo. Ainda que a bandeira atual tenha sido criada em 1889 como um contraponto ao Império, seu significado tem origem na aristocracia militar. Para o Guilherme Mautone, que estuda atualmente a produção de uma estética bolsonarista, a bandeira traz estruturas simbólicas do passado brasileiro. “A divisa ‘ordem e progresso’ carrega um sentido particularmente inquietante se a pensarmos no contexto da ditadura, um sentido relacionado à obediência e condescendência ao regime militar, assassino e opressor das liberdades civis”, destaca o doutor em Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e docente da Casamundi Cultura. Não surpreende, então, que o símbolo seja amplamente utilizado em manifestações de extrema-direita em apoio a Bolsonaro. Resgatar a bandeira do limbo em que estava nas últimas décadas significa, para a direita, uma dupla reencarnação, explica Mautone: “do ideário ditatorial, autoritário e repressivo e, no mesmo lance, do ideário imperial, de unificação nacional por meio da construção ideológica e semiótica”. Ironicamente, o pensamento positivista, que inspirou a frase, tinha como preceito o conhecimento científico. Ressignificar a bandeira seria, desta forma, um movimento contra-hegemônico desde sempre na história do Brasil? “Se transpormos a análise para o trabalho artístico atual, então veremos como essa bandeira, em alguns artistas, deixa de ser símbolo unificador e conservador dessa unidade alienante da Nação. E passa a ser denunciada, às vezes até pela sua hipocrisia”, pondera Mautone, fazendo uma ligação também com penduricalhos ideológicos que a direita atual acrescentou à bandeira: “Hoje em dia novamente os artistas estão atentíssimos a essa reaparição, no sensível, da bandeira do Brasil. E sua usurpação carregada de repetições alienantes por parte da extrema direita, com seus pedidos por família, intervenção militar e claro rompimento com a institucionalidade. E, na medida em que estão atentos a isso, os artistas, fazendo eco a essa nossa tradição de uma arte também guerrilheira quando necessário, efetuam sobre esse símbolo nacional transformações, inversões, mudanças”, avalia. ARTISTAS CONTEMPORÂNEOS E A BANDDEIRA DO BRASIL “Veja, por exemplo, A nova bandeira brasileira #2 de Raul Mourão, com um rombo no meio, sugerindo o buraco em que nos metemos desde 2016-2018. Ou as fotografias do sabonete com a palavra “Brasil” da Marília Scarabello, que se vai dissolvendo e indo embora pelo ladrão do ralo. Ou a Bandeira de Farrapos de Martha Niklaus, de 1993, feita inteiramente com roupas descartadas por moradores de rua, numa direta associação (que vemos se
Projeto Encosta desafia padrões da cena audiovisual
Produções do coletivo criado no Jardim Dona Sinhá, zona leste de São Paulo, inovam na linguagem e chamam atenção da elite do audiovisual
A ascensão de negócios e economia criativa das favelas
Expofavela apresentou a riqueza e a criatividade que brota das periferias. Conheça a startup Maloca Games e a moda da Coração da África. Na 2ª edição da ExpoFavela, a favela desceu para o asfalto. A maior feira da economia criativa das favelas aconteceu de 17 a 19 de março, no WTC Events Center, na Berrini, área de influência do capital financeiro da cidade de São Paulo. O evento reuniu milhares de pessoas de todas as idades e origens em um ambiente que celebrou a cultura periférica e o empreendedorismo das comunidades locais. Com exposições, shows, palestras e conferências, a feira mostrou ao público a riqueza e diversidade das favelas, bem como as necessidades dos moradores dessas comunidades. Celso Athayde, CEO da Favela Holding e um dos organizadores do evento, explicou que a intenção da ExpoFavela é que os favelados mostrem seu trabalho, seus saberes e vivências. A ideia é conectar os empreendedores com pessoas que nunca estiveram em uma favela. Houve mais de 300 expositores, com soluções ligadas à identidade cultural da periferia. Roupas, decoração, culinária e outros negócios de varejo tiveram forte presença. “Favela não é carência, favela é potência” Celso Athayde AFRO GAMES E MODA AFRICANA Dentre tantas ideias e negócios, um dos destaques foi a Coração da África, loja de moda, acessórios e instrumentos musicais de culturas africanas. Um dos diferenciais da marca são peças feitas em Kente, tecido tradicional dos povos Ashanti ou Asante, atual Gana, feito de tiras com cores vibrantes e estampas geométricas. Passeando pelos corredores, deu para encontrar negócios de base tecnológica – startups, como a Maloca Games. A empresa é uma desenvolvedora de jogos temáticos baseados na cultura afrobrasileira e favelada. Em seu portfólio, há o jogo de cartas “Axé: a energia dos orixás”, em que os jogadores precisam fazer uma sequência de cores com suas cartas numa competição multiplayer. #Afrogames LEIA TAMBÉM: Os encontros e o território do Periferia Preta – Emerge Mag MÚSICA, CINEMA E LITERATURA Além de empreendedorismo, a ExpoFavela entregou exposições e espaços repletos de subjetividade e símbolos. Com nome inspirado no clássico de MC João, o show Baile de Favela levou a estética típica dos fluxos de funk. O Favela Cine apresentou filmes produzidos e estrelados por criativos periféricos do audiovisual. Um deles é o documentário “Slam: a Voz do Levante”, em que se retrata as batalhas de poesia e poetry slams cada vez mais comuns nas comunidades. O longa conta as origens dos campeonatos de poesia e a realidade de cada um dentro da modalidade. Imagine uma livraria só com obras de autores de quebrada. Teve também. O estande Favela Literária era composto por livros de de Renata Oliveira Santos, Tatiane Santos, Cidinha da Silva e Beth Cardoso. Um livro em específico na livraria era “Minhas ações e meus pensamentos”, uma coletânea de poesias por Marlon Soares que refletem a juventude da periferia. LEIA TAMBÉM: Baile funk das lésbicas e bissexuais onde homem não entra – Emerge Mag De acordo com Renata Tavares Furtado, coordenadora do Museu das Favelas, presente no evento, o museu tem como premissa preservar e guardar as memórias e vivências das pessoas que viveram e vivem nas favelas e conscientizar a população sobre as necessidades e desafios nas comunidades. Além disso, a instituição mantém contato com as favelas sobre iniciativas e tendências que surgem nas favelas, assim incentivando o protagonismo dos moradores nas periferias e dando visibilidade ao trabalho de reparação social. Nesse sentido, a feira de negócios foi um convite à reflexão. Um encontro para evidenciar a beleza, o potencial e as tecnologias das favelas, capazes de amenizar as desigualdades socioespaciais. Inclusive, um dos motivos por trás do fracasso de políticas e iniciativas com foco em favelas é justamente não incluir os saberes e as prioridades dos próprios moradores – não compartilhar o poder de decisão com quem de fato é o mais interessado. E fica a dica: conexão e diversidade podem ser a chave para transformações reais. Foto de Abertura Witri. Da ponte pra cá: a ressignificação do nome “favela” Origem do termo favela remonta às desigualdades sociais, culturais, raciais e econômicas do Brasil. Mas favela também é riqueza, criatividade e impacto positivo.