Descubra as atividades econômicas originais e de valor cultural, das artes ao uso de tecnologias digitais, que fazem a economia criativa.
A criatividade é a alma dos novos negócios. Imagine um chef de cozinha que cria um novo prato, um artista que cria uma obra inovadora ou um estilista que cria uma nova tendência de moda. Todas essas atividades fazem parte da economia criativa, um conjunto de setores econômicos que têm a criatividade como seu principal recurso.
A economia criativa está relacionada à produção, distribuição e criação de bens e serviços criativos e culturais. O termo foi usado pela primeira vez em 1998, pelo pesquisador britânico John Howkins, em seu livro “The Creative Economy: How People Make Money from Ideas” (A Economia Criativa: Como as Pessoas Ganham Dinheiro com Ideias, em tradução livre).
Desde então, várias definições de Economia Criativa têm sido adotadas na literatura, por países e por agências internacionais. O próprio Howkins atualizou sua definição ao longo dos anos. De modo geral, podemos dizer que a Economia Criativa, também chamada de “economia laranja”, é um conjunto de atividades econômicas originais, com valor cultural, criadas a partir de habilidades e conhecimentos disruptivos, com ou sem a presença de novas tecnologias.
A economia criativa é composta por setores como:
- Artes visuais e cênicas: pintura, escultura, dança, teatro, cinema, fotografia, entre outros;
- Música e entretenimento: shows, festivais, produção de conteúdo musical, filmes, séries, jogos, etc;
- Arquitetura e design: criação de projetos de edificações, de interiores, de mobiliário, de objetos, de moda, de joias, entre outros;
- Publicidade e comunicação: criação de campanhas publicitárias, estratégias de marketing, design gráfico, branding, etc;
- Tecnologia da informação e comunicação: desenvolvimento de softwares, aplicativos, games, animações, entre outros;
- Patrimônio cultural e turismo: preservação do patrimônio histórico, cultural e natural, além do turismo cultural.
A gastronomia também pode ser considerada um subsegmento da indústria criativa de patrimônio cultural, que engloba a gastronomia tradicional, artesanal e regional.
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FONTE PARA A ECONOMIA
Sendo a economia criativa um tema novo, sua contribuição para o PIB (Produto Interno Bruto) continua a ser uma questão, seja pela métrica de medição ou pela disponibilidade limitada de estatísticas oficiais específicas e as dificuldades de avaliação de benefícios não mercadológicos. Afinal, a economia criativa não trata apenas de dinheiro, mas também da preservação da diversidade cultural e da inclusão social de povos historicamente excluídos.
Porém, alguns estudos tentam quantificar o peso do setor às economias mundias. O relatório “Creative Industry 4.0, towards a new globalized creative economy” (Indústria criativa 4.0, rumo a uma nova globalização da economia criativa, em tradução livre), de 2022, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), por exemplo, coloca a contribuição do setor para o PIB mundial entre 2 e 6%.
No Brasil, o “Mapeamento das Indústrias Criativas no Brasil”, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) mostra que é crescente a participação da economia criativa no PIB do país. Em 2020, a Indústria Criativa representava 2,91% do PIB, maior valor observado desde o início da série disponível, que se iniciou em 2004.
A MARCA DA PERIFERIA
Para a periferia e as populações sub-representadas (periferias, mulheres, LGBTQIA+, negros, PCDs e indígenas urbanos), a economia criativa sempre foi uma opção, já que estes são frequentemente esquecidos pelas instituições e enfrentam problemas como falta de empregos e oportunidades.
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Diante disso, muitas pessoas encontram na criatividade uma solução para gerar renda e melhorar suas vidas e contribuir para a cultura local. São exemplos o Projeto Encosta, coletivo audiovisual do Jardim Dona Sinhá, da zona leste de São Paulo, que ganham a vida produzindo conteúdos que colocam a periferia no centro, e a marca de moda AZ Marias, idealizada por mulheres negras, para produzir roupas feitas com resíduos têxteis, entre outros criativos já perfilados pela Emerge Mag.
A ExpoFavela, maior feira da economia criativa das favelas, que neste ano aconteceu de 17 a 19 de março, no WTC Events Center, na Berrini, área de influência do capital financeiro da cidade de São Paulo, fez a riqueza criativa e cultural da favela descer para o asfalto. Foram mais de 300 expositores, com soluções ligadas à identidade cultural da periferia, como roupas, decoração, culinária e outros negócios de varejo. Com exposições, shows, palestras e conferências, a feira também destacou a diversidade criativa e cultural que emerge das favelas e das populações populações sub-representadas.
Afinal, se a criatividade é a alma do negócio, a diversidade é a coração da inovação.
FOTO DE ABERTURA: Freepik
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