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Cinco livros para ler ainda em 2023 (ou depois, se quiser)

31/10/2023

Ainda dá tempo de incluir obras na sua lista de leitura: Emerge Mag indica livros para ler ainda em 2023.

Ainda dá tempo de incluir obras na sua lista de leitura: Emerge Mag indica livros para ler ainda em 2023.

Além do halloween, ou dia das bruxas, o fim do mês de outubro traz uma outra data importante para o cenário cultural no Brasil: o Dia Nacional do Livro (29). Afinal, da alfabetização à vida adulta, a leitura é parte fundamental e formadora das nossas vidas e a ela devemos momentos de imersão e de fantasia. Lemos para aprender algo novo, para repensar ideias, para nos conhecer ou simplesmente por prazer. Não importa a temática ou a história, novos universos se abrem com o abrir de um livro. 

Em celebração a essa data, a Emerge montou uma lista de cinco livros curtinhos para ler até o final do ano, com temáticas sociais relevantes e também muito divertidos, é claro. São obras da literatura contemporânea, de autores não tão conhecidos ainda. Vem com a gente!

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Livros curtinhos para ler ainda neste ano

1. Édouard Louis, Lutas e metamorfoses de uma mulher e Quem matou meu pai (Editora Todavia, 2023);

A primeira da lista é uma dica dupla, com obras do escritor e tradutor francês Édouard Louis. São dois livros curtinhos, lançados neste ano pela editora todavia, em que o autor rememora momentos de sua própria vida e da vida de seus pais, ao mesmo tempo que elabora sobre questões do existir enquanto um homem gay. Lutas e metamorfoses de uma mulher é um retrato sensível de uma mulher e mãe que se rebela contra uma vida degradante de uma sequência de relacionamentos falidos que a fizeram se anular completamente. Já em Quem matou meu pai, Édouard faz uma investigação familiar que mescla manifesto político e crítica social a partir das lembranças do próprio pai e da relação paterna conservadora.


2. Julia Codo, Você não vai dizer nada (Editora Nós, 2021)

A segunda dica é o livro de estreia da escritora paulistana Julia Codo, lançado pela Editora Nós, em 2021. Você não vai dizer nada é um livro de contos, com 151 páginas e a força de um furacão. São treze histórias curtas, que assim como ordena a categoria, traz finais arrebatadores, mas o sentimento se estende por toda a leitura. Indico, em particular, a leitura do conto “Quando as coisas ficaram pequenas”. Para que você entenda a potência desse livro, trago dois trechos: um da orelha (as abas da capa), escrita pela escritora e crítica literária Noemi Jaffe:


“É difícil não obedecer ao comando do título do livro de Julia Codo: ‘Você não vai dizer nada’; pois após a leitura desses treze contos, a maior vontade é a de quedar-se em silêncio. Um silêncio que atravessa as palavras narradas, habitando-as por dentro e fazendo com que tudo que se diz seja também um carimbo daquilo que não está sendo dito.”

— Noemi Jaffe

E o outro do conto “Quando as coisas ficaram pequenas”:

“O tempo não tem tamanho, mas as horas também, de alguma forma, ficaram pequenas. E os segundos. Logo eles que deveriam ser velozes. Como se fossem minúsculos demais para alcançarem o fim do dia e fizessem um esforço enorme para passarem, pequenos, uns subindo sobre os outros, flácidos e cansados como se carregassem uma pedra pesada até alcançarem, depois de muito tempo, um minuto. Cada segundo era uma pedra. Um minuto, 60 pedras. Uma hora, 3.600 pedras. Cada segundo gordo, suado, escorregava no chão liso, enquanto eu tentava me distrair e evitava olhar na direção do relógio. Pela janela da sala, via o sol dilatado. Só queria que ele fosse embora para eu poder dormir.” — Julia Codo.

Por serem contos —ou seja, histórias curtinhas com um começo, meio e fim —, não há uma ordem de leitura e nem a necessidade de ler o livro inteiro em “uma sentada só”. Se delicie com as narrativas com calma e aproveite!

3. Daniela Fernandes Alarcon, Vitor Flynn Paciornik e Glicéria Jesus da Silva, Os donos da terra (Editora Elefante, 2020);

O terceiro livro é um “quadrinho de história de indígenas, mas não de uma história de séculos atrás”, como narra Marcos Albuquerque, professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), na orelha da obra. Os donos da terra é uma história em quadrinhos que traz ilustrações belíssimas e um roteiro de tirar o fôlego, baseado em uma robusta pesquisa antropológica, abordando episódios históricos e recentes da luta dos Tupinambá da Serra do Padeiro, no sul da Bahia, pela recuperação dos territórios ancestrais dos quais foram expulsos pelo avanço da colonização — que continua até hoje.

É um livro de leitura fácil, que reforça a importância da luta por território dos povos indígenas, que enfrenta desde antes de o Brasil ser Brasil, ataques opressivos, desproporcionais, arbitrários e abusivos dos poderosos que chegaram depois e ainda se dizem donos da terra. Vale a leitura!

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4. Ailton Krenak, Ideias para adiar o fim do mundo (Companhia das Letras, 2020);

Seguindo a temática indígena, trazemos aqui uma obra do primeiro autor indígena a integrar a Academia Brasileira de Letras, o escritor, poeta, artista e filósofo Ailton Krenak. São vários livros de sua autoria urgentes de serem lidos, mas destacamos em especial o Ideias para adiar o fim do mundo. Nele, Krenak critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza: “humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô”; uma cosmovisão e conceito de harmonia que é imprescindível para o momento atual, em que assistimos impotentes a desastres naturais cada vez mais frequentes.

“Nosso tempo é especialista em produzir ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar e de cantar. […] Minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história.” — Ailton Krenak

Capa do livro Ideias para adiar o fim do mundo


5. Natalia Borges Polesso, Foi um péssimo dia (Editora dublinense, 2023);

Nossa última dica é um lançamento da escritora e pesquisadora Natalia Borges Polesso, pela editora dublinense: o livro Foi um péssimo dia. Se você é um/a amante da leitura, talvez já tenha escutado falar dessa autora, que é um ícone da literatura lésbica brasileira. Ela é conhecida, principalmente, pela obra vencedora do Prêmio Jabuti Amora, que celebra, em 33 contos, as diferentes manifestações do amor entre mulheres. No novo livro, a autora traz uma espécie de autobiografia ficcionalizada, em que ela narra duas histórias com um olhar sensível sobre a passagem da infância para a adolescência. “À medida que as situações vêm à tona, a pequena Natalia vai descobrindo que compreender sentimentos é tatear no escuro e que aprender a tratar das próprias complexidades pode ser justamente o faz ecoar a individualidade”, diz trecho da sinopse. 

Capa do livro Foi um péssimo dia

#FICAADICA: Para quem está em São Paulo, do dia 8 a 12 de novembro, acontece a 25ª Festa do Livro da USP, na própria Universidade de São Paulo, de quarta a sexta das 9h às 21h e no sábado e no domingo das 9h às 19h. Lá vai ser possível encontrar todos esses livros (e muito mais) por um preço especial. O desconto mínimo é de 50% no valor dos livros. Vale a pena a visita!

Texto e colagem de capa: Teresa Cristina

Quem escreveu

Picture of Teresa Cristina

Teresa Cristina

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais e colagista autodidata. Combina as paixões por escrita, arte e design. Experiência em produção e edição de conteúdo digital. Trabalhou no Museu de Arte Moderna de São Paulo e BDMG Cultural.

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